ARTICULISTAS

Não desistam nunca!

João Eurípedes Sabino
Publicado em 30/09/2022 às 19:27Atualizado em 16/12/2022 às 00:32
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No dia 26/09/1983, tomei posse no Serviço Público Federal como Auditor Fiscal do Trabalho, depois de me submeter a um concurso em que uma vaga era disputada por mais de 50 candidatos. Confesso que os proventos não eram atrativos, tanto que fui ironizado por um colega ao me ver abrir mão de um emprego na iniciativa privada para ganhar menos. Realmente achatei meus rendimentos, todavia, algo maior palpitava em mim: nesta atividade poderei ampliar meus serviços ao semelhante, salvando vidas e cuidando da saúde do trabalhador. E, assim, prossegui compilando experiências inesquecíveis!

Tão logo assumi o múnus, com a prerrogativa de escolher Uberaba para servir, constatei que a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, à exceção de alguns empresários humanistas e idealistas, tudo além, era matéria de livros e manuais. Arregacei as mangas e, junto a honrados colegas de trabalho, pavimentamos a estrada para vermos o que temos hoje. Começamos por atacar o desumano transporte de trabalhadores rurais (ditos boias-frias), até chegarmos aos mais recônditos ambientes onde o labor humano estivesse presente.

Desnecessário é mencionar em detalhes que muitas vezes corremos o risco de sermos eliminados, a exemplo dos três colegas assassinados em Unaí/MG no dia 28 de janeiro de 2004.

Paralelamente ao nosso penoso trabalho (capital X trabalho), colegas nossos vinham há algumas décadas em luta hercúlea tentando a nossa equiparação aos demais auditores do Brasil. Já no final da minha trajetória na função que abracei, surgiu a luz no fim do túnel: fomos equiparados, equivalendo a dizer que os vencimentos também. Não tivemos nenhuma contestação por esse ou aquele Poder da República.

Hoje vejo a importantíssima enfermagem brasileira absolutamente frustrada ao ver suspensa a sua decana reivindicação, que era(é) a de ter o piso salarial de R$4.750,00 para enfermeiros, R$3.325,00 para técnicos e R$2.375,00 aos auxiliares de enfermagem e parteiras. Eis aí a prova do choque e o atropelamento entre os Poderes. Depois de o projeto se arrastar por tanto tempo pelos caminhos onde as promessas eram tantas. Depois de ser reconhecido pelo Congresso Nacional e sancionado pela Presidência da República, uma só caneta soterrou o sonho de tantos que, diga-se, não acabou. Só não sabe o valor do(a) enfermeiro(a) e seus congêneres quem nunca necessitou dos seus trabalhos. Exercem eles a sagrada profissão que, sem o real pendor para tal, sequer chegariam perto de uma pessoa adoentada.

Senhores(as) enfermeiros(as) e..., não desistam nunca! Após a última tentativa do ser humano pode estar oculta a sua vitória!

 

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