ARTICULISTAS

Mudança de padrão

Revistas voltadas para gestão, como a Você S/A, têm criticado veementemente a banalização da expressão “empresa voltada para o cliente”

Mário Salvador
Publicado em 20/04/2010 às 20:24Atualizado em 20/12/2022 às 06:58
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Revistas voltadas para gestão, como a Você S/A, têm criticado veementemente a banalização da expressão “empresa voltada para o cliente”. Não é que essa política esteja incorreta. O problema está no descompasso que há entre o que a organização acredita ser o desejo do consumidor e o que este realmente quer.

Embora essa recriminação seja recente, o fato que a motiva não o é. Um exemplo disso pode ser encontrado na história do programa Roda Gigante, que foi ao ar aos domingos durante mais de dez anos. Muitos se recordam, com saudades: “Tenho a carteirinha de sócio do Clube do Tio Mário guardada até hoje, participei de brincadeiras, ganhei prêmios...”

A carteirinha do clube foi criada pelo artista plástico Pedro Afonso Riccioppo, que trabalhou conosco nos primeiros anos do Jornal da Manhã e colaborou na elaboração da página dominical Hora do Recreio. Tempos difíceis aqueles! As crianças enviavam seus desenhos a lápis, e o Pedro, com perícia e paciência, cobria os traços com nanquim, para a confecção de clichês.

A preocupação com a imagem ia muito além dos hábeis traços de Pedro. Como apresentador do programa, eu tinha que me vestir adequadamente para entrar naquele clima. Ciente disso, comprei seis camisas de cores diferentes, mas com a mesma padronagem.

A cada domingo lá estava eu, usando uma delas e sempre havia alguém elogiando o figurino. Fiquei satisfeito com meu julgamento até o dia em que encontrei um amigo. Ele começou a conversa mineiramente, dizendo-se apreciador confesso do programa e perguntando até se eu já havia trabalhado antes em televisão, pela facilidade com que conduzia as brincadeiras.

Contudo, depois dessas palavras educadas, ele tocou em um ponto nevrálgic tinha uma séria crítica a fazer. Segundo ele, minha vestimenta precisava ser melhorada. Afinal, toda semana eu usava a mesma camisa!

Tive que explicar a ele o jogo de cores para que ele entendesse as variações do meu guarda-roupa. Entretanto, aprendi a liçã cometi o erro de avaliar incorretamente a visão do meu público-alvo. Afinal, estávamos na época da televisão em preto e branco. Mudanças cromáticas não seriam percebidas pelas pessoas em casa e meu programa não se limitava ao auditório. Descobrindo o que meus clientes desejavam de mim, passei, então, a usar camisas de padronagens diversas. (*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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