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Mudança

Todos nós, seres humanos, somos muito arraigados

Terezinha Hueb de Menezes
thuebmenezes@hotmail.com
Publicado em 06/01/2013 às 12:06Atualizado em 19/12/2022 às 15:27
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Todos nós, seres humanos, somos muito arraigados à própria maneira de conduzir a vida, rejeitando, com isso, propostas de mudança. Cada qual, em seu território interior, fecha-se a outras possibilidades, julgando-se inviolável na maneira de ser.

Guilherme Arantes, em Não fique estática, obriga-nos a refletir sobre determinados posicionamentos existenciais, quando explora os seguintes pensamentos:

Tente um momento de trégua /  sem a preocupação usual: a cabeça do ser humano apresenta-se como um emaranhado de preocupações. Problemas de ordem ora familiar, ora financeira ou ainda profissional, afetiva, além de outras categorias, atormentam-no, ocupando, constantemente, espaços interiores que poderiam ser ocupados com a beleza do mundo lá fora: Venha correr aqui fora / nos gramados banhados de sol. A maioria mal tem tempo de ver sol, muito menos gramados, pois o lusco-fusco das preocupações, instalado em suas mentes, impede a passagem do sol e a visão dos gramados. A trégua faz-se necessária, até mesmo para arejar os problemas, possibilitando o surgimento de soluções.

Pegue algum sonho improvável, /  lute por vê-lo renascer:  quantas vezes um sonho qualquer fica abandonado no escaninho interior, no desânimo para levá-lo adiante, ou para lutar por ele - a pessoa se julga, nesses momentos, incapaz, sem as armas necessárias para os enfrentamentos, nem sempre amenos, na conquista de aspirações improváveis, mas não impossíveis. Na vida vencem os pertinazes, aqueles que conseguem reunir força suficiente, nela acreditando, para perseguir seus objetivos prioritários: acomodar-se, evidentemente, é mais fácil; da mesma forma, cultivar a autocomiseração, julgando o mundo todo contra, quando contra, na realidade, é o desânimo para a luta.

... não deixe o passado lhe enrolar (sic) / que ele tem garras tão sutis, tão sutis!:  quem vive com os olhos voltados para trás não pode enxergar adiante. Há pessoas que se deixam enredar de tal forma pelos acontecimentos do passado que a existência presente e a futura perdem o valor - o que ficou atrás, em movimento inverso, impulsiona em ré, como se fosse impossível caminhar para a frente, os pés forçados para um andar virado, preso ao que passou. Tem grande valor o passado, mas a partir do momento em que sirva de estímulo para o prosseguimento das veredas que merecem continuidade; para a eliminação daquelas que nada acrescentem  e outras que provoquem sofriment as garras do passado,não do passado bom, revisitado na saudade, mas aquele que deve ser esquecido, são afiadas e podem ferir quem delas não conseguir libertar-se.

... é raro encontrar um amigo / que partilhe as mesmas ideias: aliás, se é difícil encontrar um amigo, quanto mais um amigo que partilhe as mesmas ideias...No mundo individualista de hoje, cada qual quer posicionar- se radicalmente em sua maneira de pensar e agir, pouca importância dando a quem o rodeia, mesmo porque, em sua maioria, as amizades se escoram na superficialidade, apenas alguns tendo confiança suficiente para manifestar seus pensamentos aos “amigos”. Mesmo assim, não se pode desistir de encontrar os amigos verdadeiros, ainda que raros, para, com eles, partilhar ideias e anseios.

Quanto às palavras alheias, / ouça somente o essencial: há palavras ouvidas que estimulam; há outras que desanimam. Algumas amenizam situações, mensageiras da serenidade; outras promovem conflitos e desencontros. Há palavras que atuam como bálsamo no ferimento; há outras que concorrem para que as chagas magoem mais e mais. Seria bom que conseguíssemos selecionar o essencial quanto às palavras alheias, utilizando, para isso, a autocrítica: assim, não seria elogio nem afronta o que não merecêssemos - as palavras teriam, pois, peso real: nem mais, nem menos.

Há mudanças interiores e de comportamento que todos precisamos promover, com dificuldade, sabemos: mas serão mudanças que poderão propiciar uma dimensão mais real da vida, através do discernimento lúcido de tudo que ela apresenta.

(*) Educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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