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Morreu dona Regina Basílio

Nesse dezenove de junho participei do velório de alguém que muito admirei. Ela entrou em minha vida no início dos anos setenta, quando eu era uma adolescente

Vera Lúcia Dias
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 17/12/2022 às 05:06
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Nesse dezenove de junho participei do velório de alguém que muito admirei.

Ela entrou em minha vida no início dos anos setenta, quando eu era uma adolescente. Ela era parte de uma das famílias fundadoras do Elite Clube e, com o tempo, tornou-se impossível falar de dona Regina e seu Waldemar sem se lembrar daquele clube, ou pensar no clube sem se lembrar dos Basílio.

O Elite, hoje, abandonado ao lado da rodoviária, viveu seus dias de glória por seus eventos mais tradicionais: carnaval, quatorze de agosto e aniversário do clube, não me lembro com certeza se é no final de março. E lá, em todos eles, estava  dona Regina — com sua família — para abrir e fechar as portas, por onde passaram personalidades de projeção nacional.

Falar da vida de dona Regina é falar de uma mulher forte, matriarca, festeira incomparável,  cidadã,  companheira e mãe na verdadeira essência da palavra, defensora da arte, da alegria e da cultura, precursora do movimento Negro em Uberaba,  política  sem medo de ser  partidária.

Dona Regina era tudo isso e muito mais. Tanto que foi homenageada, ainda em vida, pelos familiares, com a criação da Fundação Vovó Regina.

Na casa dos Basílio, na Rua Fernando Sabino, praticava-se o verdadeiro acolhimento, tornando-se quase que um Centro Comunitário, do qual se valiam até as equipes do Programa de Saúde da Família para realizar reuniões. Sem contar que nela funciona até uma Biblioteca com utilidade pública.

Seu velório abrigou pessoas de várias correntes e tribos, além de sua família, chegando à quinta geração. Muitos amigos, comadres, compadres e afilhados. Diferentes gerações externando sua admiração e seu pesar.

Em meio a tudo isso, a força de sua neta Maria Regina Basílio, emocionando a todos, com sua maravilhosa voz, ao cantar e relembrar as recomendações de sua avó para o momento de sua partida.

Quisera eu ter mais espaço e o dom da comunicação mais desenvolvido para não ficar com a sensação de que não consegui expressar tudo o que desejava sobre dona Regina. Mas de uma coisa tenho certeza: não só a família Basílio está de luto. Nós, os seus amigos; o Parque das Américas, a comunidade afro-descendente e a cidade de Uberaba choramos essa perda, pelo exemplo de uma vida que cumpriu sua missão ao longo se seus cem anos recentemente comemorados.

(*) Mestre em Psicologia

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