Meus queridos leitores, novamente a Globo lança
Meus queridos leitores, novamente a Globo lança para todo o país o lixo chamado BBB (Big Brother Brasil).
Fico assustada com a alienação que o processo massificante do programa promove, principalmente nas cabeças de jovens e adolescentes.
Trata-se da total inversão de valores: em nosso pobre país, onde faltam as prioridades essenciais a grande parte dos brasileiros, pseudo-heróis – saídos das mais variadas classes sociais, escolhidos por seus atributos físicos, ou capacidade ousada de transgredir normas, ou ainda pela facilidade em aderir à promiscuidade, com roupas sumárias, expondo-se levianamente – aos poucos, vão-se transformando em “heróis” de verdade.
Quais os melhores? Quais aqueles com maior capacidade de ludibriar, enganar, falsear a realidade? Esses, sim, são os verdadeiros “heróis” nacionais. “Heróis” que ocupam espaço das mídias, em entrevistas nas ruas, os transeuntes inquiridos respondendo com tanta ênfase, como se se estivesse resolvendo um pacto de paz ou o final de uma guerra.
Não consigo entender o fenômeno. Com tantos valores espalhados por nosso país, nas mais variadas áreas – cientistas abnegados, professores engajados no verdadeiro processo educacional, médicos desprendidos, religiosos idealistas e tantos outros profissionais e voluntários que lutam por uma sociedade melhor – somos obrigados, mesmo não assistindo ao programa, a ouvir os comentários nos mais diversos ambientes de trabalho e social.
Crianças e jovens são os mais influenciáveis. Em suas mentes, processa-se autêntica lavagem cerebral, na repetição de gestos, de falas, de comportamentos, na concepção de que tudo é natural e válido, uma vez que os modelos apresentados passam a ser considerados “unanimidade nacional”. O Brasil para. E os modelos, endeusados e repetidos.
E “a casa mais vigiada do Brasil” continua promovendo estragos, na voz envolvente e aliciadora do inteligente Pedro Bial. Os telespectadores, coitados, sendo enlaçados como pássaros incautos na sinuosidade da serpente: quando menos esperam, são devorados pelo processo.
E na voracidade, o BBB transforma-se em imensa jaula que, aos poucos, vai prendendo os incautos, moldando, em cada um, novas modalidades de comportamento, de reações, de atitudes. E tudo se repete: nas casas, nas ruas, nas praças.
E, mais uma vez, os brasileiros não se percebem como objetos manipulados para o enriquecimento financeiro da empresa global – e talvez de mais alguns – e o empobrecimento do povo no que tange a valores e à própria consciência como cidadãos, tão necessitados de melhores caminhos para seu crescimento e para o crescimento do país.
(*) Educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro [email protected]