Muitas vezes, os que escrevemos, escrevemos para nós mesmos. Parece uma necessidade que aflora e nos faz expressar aquilo que está represado ou aparentemente esquecido
Muitas vezes, os que escrevemos, escrevemos para nós mesmos. Parece uma necessidade que aflora e nos faz expressar aquilo que está represado ou aparentemente esquecido.
Todos nós, humanos, somos feitos da mesma argamassa de qualidades, defeitos, vitórias, derrotas, incertezas, medos e coragens.
Há, por isso, denominadores comuns a todos nós. Os limites que configuram os seres são sempre os mesmos.
Vez por outra, encontro pessoas amigas que me dizem ter eu escrito determinada crônica para elas. E eu respondo, muitas vezes causando admiraçã na verdade, escrevi para mim mesma.
Com isso percebo o raio de ação que aquilo que manifestamos aborda: os sentimentos que guardamos na alma, as apreensões, a necessidade de que a esperança não esmoreça em nosso interior, a crença de que, para todas as adversidades, para todos os problemas, uma saída deve existir, tudo isso são marcas de qualquer ser humano.
Não existe, na face da terra, alguém que possa dizer estar completamente feliz, plenamente realizad como sugere Fernando Pessoa, muitos procuram mostrar-se como semideuses, quando, na realidade, são tão frágeis e inseguros como qualquer um de nós. Tal mecanismo representa uma forma, talvez, de esconder os próprios medos, os próprios anseios, as próprias inseguranças.
Em nossa trajetória existencial, muitos são os percalços que surgem, justamente porque ninguém é perfeito, ao contrário somos todos marcados pela inclompletude, pela limitação e contingências próprias da natureza humana.
Por isso precisamos, a cada dia, arregimentar forças, extraídas de nosso interior, alicerçadas na presença de Deus, e outras, garimpadas na família e nos amigos: partilhar tanto as alegrias como as tristezas e os problemas auxilia e impulsiona nosso percurso de vida. Sozinhos, tudo se torna mais amargo e penoso. Seria como carregar pesado fardo, contando, para isso, com apenas nossas mãos.
Enfim é preciso prosseguir, a despeito dos obstáculos, a despeito dos desânimos e incertezas: passo a passo, completar-se-á a trajetória e, quando menos esperarmos, os objetivos terão sido alcançados.
(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro