Menisco: lesões diferentes , tratamentos distintos

O menisco é uma estrutura que se localiza entre os dois principais ossos de nosso esquelet o fêmur e a tíbia. Sem ele, o contato entre essas duas estruturas provocaria atrito e impediria a nossa perfeita locomoção. Poderíamos classificá-lo como o “amortecedor do joelho”. Por estarmos constantemente utilizando os ossos e os músculos de nossa perna, o menisco é acionado a todo momento e, por isso, é extremamente sensível, especialmente quando submetido a uma carga excessiva ou torções e movimentos bruscos. Para se ter ideia desse impacto, o resultado de uma lesão no menisco pode até provocar seu rompimento e consequentes alterações na cartilagem do joelho.

Dada a sua relevância para a manutenção dos movimentos e do equilíbrio de nosso corpo, especialistas têm estudado bastante sobre o tratamento para as lesões no menisco e já chegaram à constatação de que a intervenção cirúrgica nem sempre é a melhor solução para todos os casos. Isto porque existem causas distintas para os danos. Elas podem ser tanto resultado de uma alta carga sobre os joelhos (o que ocorre frequentemente com atletas, especialmente os que praticam esportes que requerem viradas súbitas, como o tênis e o futebol), quanto provenientes de um processo degenerativo, uma vez que, com o aumento da idade, há uma diminuição gradativa da flexibilidade e da lubrificação dessas estruturas no joelho.

De acordo com uma pesquisa realizada por canadenses e publicada no New England Jornal of Medicine, para o caso degenerativo, o ideal é não se submeter à cirurgia, pois esta não é capaz de conter a evolução do processo. A recomendação é de que se faça fisioterapia, visando ao fortalecimento e ao equilíbrio muscular, as aplicações de biomateriais que aumentem a elasticidade do ambiente articular (ácido hialurônico) e, em caso de dores, utilize analgésicos e anti-inflamatórios.

Já em casos de sobrecarga nos joelhos, a cirurgia é o procedimento mais indicado, no entanto, o procedimento modificou-se bastante. Antigamente, a cirurgia de reparo do menisco às vezes requeria a retirada total desta estrutura, expondo a cartilagem e os ossos da região e levando a um quadro doloroso prolongado. Hoje, com o avanço da medicina, já é possível suturar o menisco, sem a retirada de nenhuma parte.

E foi entendendo a importância desta técnica que, em 2001, iniciei uma pesquisa que resultou em um novo kit para sutura que pode ser encontrado em qualquer hospital, o que garante maior custo-benefício para o procedimento. Cirurgias com o novo kit já vem sendo realizadas desde o ano de 2001, com 91,7% de resultados de bons a excelentes.

E vale lembrar que, para esses casos de lesão em que a sutura é o tratamento mais viável, o paciente poderá, após a sutura, retomar as atividades físicas normais em um prazo de até 6 meses.