Medicamento para osteoporose pode reduzir o risco de câncer de mama

Em todos os artigos que publico procuro reunir informações novas e que possam interessar a uma parcela significativa dos leitores. Para tanto, é necessário estar atento a recentes pesquisas e descobertas científicas, sempre respaldadas por um órgão credenciado em pesquisas científicas.

Hoje, apresento o resultado de um estudo realizado pelo Departamento de Medicina de Comunidade e Epidemiologia da Faculdade de Medicina do Centro Médico de Carmel e do Technion – Instituto de Tecnologia de Israel, publicado no Jornal Britânico do Câncer, em fevereiro de 2010.

A pesquisa despertou bastante a minha atenção, pelo fato de uma repercussão benéfica futura que podemos ter, caso a constatação se verifique em um grupo ainda maior de pessoas.

De acordo com testes realizados em 4.575 mulheres na pós-menopausa, a ingestão continuada dos Bifosfonatos (medicamento indicado para a osteoporose), pode reduzir em até 34% o risco de desenvolver câncer de mama. Quando se isolam os demais fatores que podem colaborar para o aparecimento do tumor, como a idade, o consumo de frutas e vegetais, a prática de esportes, a história familiar de câncer de mama, a etnia, o índice de massa corporal, entre outros fatores, a redução do risco ainda se mantém na faixa dos 29%.

Ao analisar a composição deste tipo de medicamento que inibe a reabsorção óssea, constatou-se que um dos componentes, os Aminobifosfonatos, podem afetar a viabilidade de vários tipos celulares distintos dos tecidos de origem, tais como os tumores. Os Bifosfonatos também contêm o nitrogênio, que tem se revelado como um indutor da apoptose (“morte celular programada”) tumoral, bem como a inibição da angiogênese (“crescimento de novos vasos sanguíneos”). Além disso, foi verificado que esta sustância impede a adesão das células tumorais.

Um dado da pesquisa bastante curioso é a sugestão de que a redução do risco de câncer pelo uso dos Bifosfonatos é maior em mulheres mais magras, o que nos faz crer que os fatores hormonais ou de crescimento influenciam na ação do medicamento, assim como já são determinantes no aparecimento do câncer de mama. Vale destacar, ainda, que a ação anticancerígena verificada nos testes com os Bifosfonatos crescia proporcionalmente ao tempo de ingestão desse medicamento.

Para complementar esta verificação acerca desta segunda aplicabilidade dos Bifosfonatos, em outra pesquisa realizada em animais enxertados com células que provocam câncer de mama, constatou-se que a susbtância bloqueou o crescimento das metástases ósseas.

Esta nova descoberta pode, num futuro próximo, abrir caminhos para o desenvolvimento de uma nova linha de prevenção e tratamento mais eficaz para o câncer de mama e, talvez, até mesmo para outros tipos de tumores. Fica, portanto, a dica para que todos se mantenham atualizados sobre o assunto, buscando informações com o seu médico de confiança, procurando cuidar sempre da saúde e mantendo-se bem informados das novidades científicas. Até a próxima coluna!

R.B.: NEWCOMB, PA; TRENTHAM-DIETZ , A;  HAMPTON, JM. Bisphosphonates for osteoporosis treatment are associated with reduced breast cancer risk. British Journal of Cancer, 2010. 799-802