ARTICULISTAS

Maridos de fim de semana

Marília Andrade Montes Cordeiro
Publicado em 21/03/2014 às 10:28Atualizado em 19/12/2022 às 08:31
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Notei a transformação já faz alguns anos, quando meu marido ainda era um “morador diário” em nossa casa.

Na conversa com algumas amigas que já vivenciavam a situação, ficava ponderando os prós e contras e muitas vezes sentindo uma pontinha de inveja. Parecia até uma eterna lua de mel!

A busca de melhores oportunidades financeiras tem feito casais se separarem durante a semana, ou até quinzenalmente, deixando o restante da família no lar que juntos construíram. Isso porque, na maioria das vezes, a mulher também contribui com a renda doméstica, os filhos já estão matriculados em escolas regulares, adaptados e felizes e não compensa trocar o certo pelo duvidoso.

Pois bem! Passado algum tempo, eis que me vejo na mesma situação e posso analisá-la sem espelho.

O romantismo desaparece por completo.

Quando os nobres guerreiros ou guerreiras (sim, porque agora também tenho visto mulheres que deixam o lar) retornam, há tantos problemas a serem discutidos, tanta carência de ambos, tanta necessidade de rotina, que o relacionamento acaba ficando “pesado”.

De repente você está dizend

– Ei, mas você adorava carne de porco!? Ei, mas agora você assiste TV no quarto?! Ei, mas você não lê mais a Bíblia para dormir?! Olha, preciso que você dê mais atenção ao fulano, ou à sua mãe, ou olhe para mim...

Cobranças tantas que a liberdade de viver sem a rotina massacrante de um casamento se perde. E lá se vai a lua de mel!

Esse é apenas mais um problema de nossa geração já tão sobrecarregada e transtornada com mudanças.

Os efeitos colaterais da rotina diária, tais como impaciência, desmotivação, desinteresse, se tornam ínfimos frente à perda do maior bem de um matrimônio bem-sucedid a cumplicidade.

Mas, espere! Não é o começo do fim de um sólido casamento de 36 anos! É apenas a constatação de que temos sempre que nos ajustar às mudanças. Elas são reais e inevitáveis. E quando sabemos aproveitá-las se tornam válidas e valiosas. Levam-nos a renovar conceitos, buscar alternativas, sair do marasmo. Rejuvenescem-nos e até nos fazem cantar...

“Por que me deixa tão solta?

Por que não cola em mim?

Tô me sentindo muito sozinha...

E se eu me interessar por alguém?

E se ele de repente me ganha?”

Socorro! Quero de volta meu desgaste rotineiro!

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