Como leitor do Jornal da Manhã, aprecio todo o periódico, mas busco, primeiro, a coluna
Como leitor do Jornal da Manhã, aprecio todo o periódico, mas busco, primeiro, a coluna do Tabelionato de Protesto de Títulos. Mania, mesmo. A leitura é rápida. E sempre verifico se meu nome está na lista. Como a lista é em ordem alfabética, o trabalho é fácil. Fico aliviado por não estar por lá.
Não tenho dívidas a prazo, pois há anos evito comprar a crédito. Porém tenho cadastros no comércio local, e meus dados pessoais, como os de todas as pessoas (mesmo que não queiram), estão na internet.
Devo explicações sobre esse costume de consultar a lista de protestos. Tudo começou quando um amigo meu soube que o nome de um parente estava registrado no Serasa, como devedor. Pediu-me ele que o acompanhasse até a empresa para ajudá-lo a equacionar a situação.
Munidos da documentação necessária para elucidar o evidente equívoco, fomos recebidos por um advogado da empresa,que fez o registro no Serasa. Exposto o fato, o advogado nos pediu um documento do cliente. Entregamos-lhe o atestado de óbit o cliente havia falecido três anos antes de ele mesmo supostamente fazer a compra.
O advogado explicou, então, que dois funcionários da loja se associaram para praticar vários delitos: faziam compras em nome de clientes, utilizando o cadastro do crediário. Uma das compras havia sido vultosa, lotando o caminhão de entregas. Depois disso, os funcionários desapareceram da loja.
E o setor de crediário procurou receber as faturas, com esforços em vão, já que os endereços das fichas haviam sido alterados. Nem familiares receberam as cobranças. Com mil pedidos de desculpas, a loja limpou o nome do falecido, que, naturalmente, passou a ter crédito na praça. Poderíamos entrar com um processo contra a empresa, mas isso não nos interessa, por pior que tenha sido o constrangimento.
De fato, alguém pode se valer do nome de terceiros para fazer dívidas, levantando a ficha no setor de crediário. Fiquei esperto. Por isso vivo lendo a coluna de protestos de títulos. “Seguro morreu de velho”, já ensinava o velho ditado.