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Macabro

Há quem pense que para um carro se deslocar basta ligar o motor. Freio, pneus, acelerador são meros acessórios de grã-finos

Gilberto Caixeta
Publicado em 01/06/2010 às 19:23Atualizado em 20/12/2022 às 06:16
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Há quem pense que para um carro se deslocar basta ligar o motor. Freio, pneus, acelerador são meros acessórios de grã-finos. O trânsito em Uberaba é um caos. Lugar comum, dirão alguns ao ler essa frase. E, talvez, virem os olhos para a página seguinte deste matutino, não obstante o caos permaneça como síntese da ausência de políticas públicas voltadas para esse setor e aliadas às autoescolas, que não formam motoristas disseminando a cultura de que o espaço de rolagem não é privado.

Portanto, caro leitor, caso tenha permanecido na leitura desta crônica, vou lhe contar uma história macabra. Um Fiesta se desloca em ponto morto no centro da rua entre a Praça Dom Eduardo e o Colégio Diocesano. Esse é ultrapassado por outro, que para em frente ao colégio, recolhe a criança e desce a Rua Santo Antônio. Ao chegar à Avenida Santos Dumont, o carro para no sinaleiro, que está passando do amarelo para o vermelho. Lá no topo do morro da Rua Santo Antônio, o Fiesta começa a descer e acelera ao ver o sinal verde chegando ao seu final. Acelerou tomando velocidade. Ao perceber que o sinal iria fechar, chamou no freio, que não respondeu. Aí o motorista pensou – ele pensa – “estou ferrado! Vou entrar no posto de gasolina e cortar a avenida”. Mas desistiu dessa ideia porque poderia bater nas bombas de gasolina. “Vou atravessar a avenida”, continuou pensando. Desistiu também ao se imaginar sendo atingido dos dois lados da avenida, porque o sinal já estava fechado. Resolveu, sabiamente, entrar na traseira do carro parado. Porque, assim, o atiraria na avenida colidindo com os demais, que trafegavam em sentidos contrários, safando-se dos abalroamentos. Assim fez o suicida ao volante e só não quebrou os pescoços da motorista e da passageira porque elas estavam de cinto de segurança. A batida foi tão forte que o Fiesta saiu da traseira do carro e foi parar à porta da Farmácia que fica do outro lado da rua, sem que houvesse uma única marca de freiada no local. O suicida foi recolhido em Hospital e, mais tarde, foi averiguar o estado de seu carro, que estava apreendido. Lá, ele contou essa história, para surpresa dos que ali trabalham. Seu plano foi macabro ou não ao empurrar outro veículo para se safar de um possível acidente mais consequente?

Se você acha essa história macabra, há outras piores ou iguais. Basta você se deslocar até a avenida Deputado Marcus Cherém que seus olhos observarão o que a sua mente é incapaz de imaginar.  Ali é loucura a qualquer momento em que por lá passar. Não digo à noite, por estar explícito o que ali acontece, mas quanto ao trânsito, é uma das avenidas mais absurdas de Uberaba. Caso tenha que se deslocar a qualquer momento do dia ou da tarde, saberá o que o improvável é capaz de realizar. O que me deixa indignado é que existem pessoas para pensar o trânsito e nada fazem, como se o trânsito fosse algo tão lunático que nem escrever sobre isso vale a pena.

(*) professor

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