ARTICULISTAS

Livro aberto

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 21/08/2020 às 07:22Atualizado em 18/12/2022 às 08:55
Compartilhar

O título deste texto era, num primeiro momento, “Carta aberta”, todavia julguei “Livro aberto” mais oportuno por ver que o maior amigo do homem está sob o fogo cruzado de escorchante taxação tributária. Em toda carta aberta, obviamente dirigida a quem interessar possa, há desabafos, questionamentos e gritos querendo saber os porquês de situações inusitadas. É o caso deste “Livro aberto” a S.Exa., o senhor ministro da Economia Paulo Guedes, até que nos mostre as razões de taxar o imposto sobre livro brasileiro em 12%.

Posso ter meus comentários censurados, mas não vistos como tendenciosos. Só quero saber por que o livro, que é protegido contra impostos em nossa Constituição Federal, passa a ser, de objeto essencial para todo mundo, a mercadoria de elite. Se estamos num país pessimamente classificado em matéria de ensino, que futuro nos espera se o estímulo à leitura é travado pelo imposto que livreiros e leitores terão que pagar?

Por quase duas décadas tivemos governantes, cuja convivência com os livros fora, senão nula, se aproximou do ridículo pelo desestímulo oriundo deles. Ao darmos de presente um livro podemos saber se o ganhador foi devidamente alfabetizado. Não fosse assim, livros que amigos meus presenteamos com dedicatórias amáveis, estariam morando em lugares dignos e não enxotados para desentulhar as “bibliotecas” de seus donos. Até caçambas cheias de livros misturados ao lixo, já salvei na rua.

Ô Sr. ministro Paulo Guedes! Recuso-me em assimilar a ideia que V.Exa. propõe: transformar o livro, de um instrumento para ilustrar consciências, em coisa ou trem, no linguajar mineiro. “Né pussive!”, diria até quem nunca leu ou escreveu. Coisa é coisa, trem é trem e livro é livro. Ou estou errado? Tanta coisa supérflua para taxar, e o livro, logo ele, vai pagar a conta? Oh! Livro! Não fosse você, onde eu estaria?

Os eleitores, analfabetos ou não, reclamam numa só voz: “Se por detrás do livro brasileiro existir o famigerado abismo da corrupção, é hora de Paulo Guedes vir a público se justificar e com ele trazer o Ministro da Educação”. Vejam, até os presidiários são beneficiados se exercerem o sublime hábito da leitura...

Já sei. Paulo Guedes deve desconhecer o que é precisar de um livro e não ter recursos para adquiri-lo. Nessa linha, Sr. Ministro, não vejo com bons olhos o futuro das bibliotecas. Escritores e professores estariam no mesmo pacote?

“Oh! Bendito o que semeia livros à mão cheia...”, do poeta Castro Alves.

Assuntos Relacionados
Compartilhar

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

JM Online© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por