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Lesões políticas

O período eleitoral é um momento único

Savio Gonçalves dos Santos
Publicado em 16/09/2012 às 13:44Atualizado em 19/12/2022 às 17:22
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O período eleitoral é um momento único. As cidades ficam todas enfeitadas com cartazes, banners, adesivos, “santinhos”, enfim, toda espécie de material que, supostamente, pode ajudar a angariar votos para o(a) concorrente(a). O fato mais curioso é que tal decoração acaba por provocar algumas reflexões interessantes e, ao mesmo tempo, complexas.

Intrigante o fato de que os marqueteiros de plantão estão criando as mais variadas formas de publicidade eleitoral, mesmo driblando, ou burlando, a lei. Não é difícil observar em momentos oportunos as informações advindas dos meios de comunicação, onde são narradas atuações do judiciário no intuito de conter os exageros dos candidatos e os excessos de suas equipes.

A última novidade para o mundo da política (não no sentido correto do termo, mas sim a prática realizada pelos executores desinformados), são os cavaletes com cartazes do candidato. Curiosamente, há para todo gosto. Há grandes, pequenos, largos, muito largos, estreitos, coloridos, engraçados, estranhos, mas com certeza, todos atrapalham... Fica quase que impossível compreender onde é que a poluição visual, e mesmo ambiental, poderá ajudar a qualquer candidato a ganhar o pleito. Não há a menor sensibilidade para os estragos que são causados na sociedade, na cidade e no meio ambiente; e depois são esses mesmos que dizem querer cuidar da “nossa” cidade... estranho, não?

Já há algum tempo, cenas envolvendo os referidos cavaletes são relatadas. Ainda nesta semana, a revolta de um cidadão chamou a atenção, porém, não foi noticiada em veículo nenhum. Na avenida Guilherme Ferreira foi possível observar cenas dignas do filme Um dia de fúria, de 1993, de Joel Schumacher, estrelado por Michel Douglas. Enquanto esperava o semáforo abrir, um motorista teve seu veículo subitamente “agredido” por um gigantesco cavalete de um político. Movido pelo vento, o cavalete decolou e voou em direção do veículo, causando sérios danos ao mesmo, inclusive quebrando o vidro traseiro. O motorista, num ataque súbito de raiva, deixa o veículo no meio da avenida, desce, e começa a destruir todos os demais cavaletes existentes nos canteiros. Para quem assistia, a cena foi hilária... Mas pra quem sabe o motivo da revolta do cidadão, a ação faz até certa lógica.

Evidentemente, todos sabem que nada será feito para que o prejuízo do motorista seja coberto. Infelizmente, se ele se dirigir ao comitê do referido candidato, não terá a atenção devida, nem sequer reembolso pelo dano.

Algumas coisas precisam ser questionadas: primeiro, será que os candidatos estão pagando as taxas para utilização do espaço público? Porque se for um proprietário de um lanche numa pracinha... já sabem... Em segundo, alguém será que está praticando corrida com obstáculos? Pois em alguns lugares da cidade fica impossível caminhar no passeio; que o digam os cadeirantes... Terceiro, o que será feito quando começar a chover? E quanto aos danos causados?

Ainda bem que podemos contar com algumas ações do judiciário. Porém, nós, povo reunido, temos a obrigação de ficar de olho em nossa cidade, e nos candidatos. Será que eles acham que a população está gostando dos cavaletes? Acredito que a ação só faz com que se crie uma revolta contra o(a) “poluidor(a)”...

(*) Mestre em Filosofia e professor universitário [email protected]

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