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Lesões da cartilagem do joelho condromalácia patelar

O termo condromalácia patelar é utilizado para definir uma doença degenerativa que atinge a cartilagem da patela (antigamente denominada rótula). Trata-se de uma lesão que acomete mais especificamente

Dr. José Fábio Lana
Publicado em 30/08/2011 às 09:12Atualizado em 19/12/2022 às 22:33
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Na coluna passada, apresentamos a vocês os tipos de cartilagem articular e os possíveis danos que podem ocorrer a esse tecido. Dando continuidade ao assunto, vamos iniciar uma série de artigos que, nas próximas semanas, tratarão sobre lesões da cartilagem do joelho. A coluna de hoje permitirá que você, leitor, conheça melhor uma das lesões mais comuns dessa importante articulaçã a condromalácia patelar.

O termo condromalácia patelar é utilizado para definir uma doença degenerativa que atinge a cartilagem da patela (antigamente denominada rótula). Trata-se de uma lesão que acomete mais especificamente a cartilagem articular da superfície posterior da patela e dos côndilos femorais correspondentes. Seus principais sintomas sã

• Dor profunda no joelho ao subir e descer escadas, ao se levantar de uma cadeira, ao correr ou se agachar-se, muitas vezes restringindo atividades físicas;

• Uma ardência ou dor ao ficar com o joelho flexionado por longos períodos, mesmo sem forçá-lo, também é um sintoma comum nesse tipo de lesão;

• Podem ocorrer crepitação e estalos, muitas vezes audíveis;

• É possível também a presença de derrame intra-articular (edema).

O termo mais genérico “síndrome da dor patelo-femural” se refere aos estágios iniciais dessa condição, na qual os sintomas ainda podem ser completamente revertidos, que produz desconforto e dor ao redor ou atrás da patela. Esse quadro é comum em jovens adultos, especialmente jogadores de futebol, ciclistas, jogadores de tênis e corredores. No entanto, mudanças causadas por reações inflamatórias internas da cartilagem produzem um dano estrutural muito mais difícil de ser tratado.

Entre as causas mais comuns da condromalácia patelar destacam-se: (1) o traumatismo crônico por fricção entre a patela e o fêmur, em razão do uso inadequado de aparelhos de ginástica, exercícios em step, agachamentos ou leg press, força excessiva aplicada à patela durante a prática de exercícios físicos; (2) o trauma com lesão aguda da cartilagem, resultante de uma pancada ou choque do joelho sobre um objeto, com impedimento de sua nutrição ideal devido às rachaduras originadas, e (3) anomalias biomecânicas, como a superpronação dos pés, que podem resultar em incongruência entre a direção em que a patela é puxada pelo músculo da coxa e o formato do sulco ósseo por onde ela se desloca.

Segundo a classificação de Outerbridge (1961), a lesão da cartilagem pode ser caracterizada em quatro diferentes graus:

• Grau I (1º estágio): edema e amolecimento da cartilagem;

• Grau II (2º estágio): aparecimento de fissuras na cartilagem;

• Grau III (3º estágio): falhas na superfície do revestimento cartilaginoso;

• Grau IV (4º estágio): aparecimento de erosões e desnudamento do tecido ósseo abaixo da cartilagem.

O diagnóstico detalhado da condromalácea patelar é possível por meio da análise de exames de ressonância magnética. O tratamento se baseia na redução da dor e no realinhamento da patela, inicialmente  através de tratamento fisioterápico (exercícios isométricos e alongamento muscular), associado a medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios.

O fortalecimento do quadríceps (músculo anterior da coxa) é primordial e é preciso também recuperar a potência do membro inferior, executando exercícios com um grau de dificuldade progressiva para evitar uma sobrecarga na articulação fêmoro-patelar. É comum, hoje, o uso de medicamentos denominados condroprotetores, além da viscossuplementação intra-articular, a exemplo do tratamento com ácido hialurônico, que aumentam viscoelasticidade da cartilagem. Casos graves podem ser indicados ao tratamento cirúrgico, quando é feito o alinhamento patelar e o tratamento da lesão da cartilagem por via “aberta”, artroscópica (vídeo) ou mesmo a combinação das duas.

Ao apresentar os sintomas, o paciente deve procurar seu ortopedista para uma detalhada investigação, sendo que a definição do tratamento mais adequado depende do grau da lesão de cada paciente.

Referências

Machado FA, Amorin AA. Condromalácia patelar: aspectos estruturais, moleculares, morfológicos e biomecânicos. Revista de Educação Física. 2005 Abr; 130: 29-37.

Tavares GMS, Brasil ACO, Nunes PM, et al. Condromalácia patelar: análise de quatro testes clínicos. ConScientiae Saúde. 2011; 10(1): 77-82.

 

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