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Lagoa Uberaba

João Eurípedes Sabino
Publicado em 08/09/2022 às 19:48Atualizado em 18/12/2022 às 14:34
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No ano de 2016, passei meu aniversário a bordo de uma chalana em pleno rio Paraguai, partindo da cidade de Corumbá/MS. Foram sete dias de experiências inusitadas com pessoas cujas amizades conservarei para sempre. Minha inspiração me ditou um diário de bordo, composto por 71 versos, começando por: Parti de Uberaba feliz / De braços com a felicidade / Eis um plano que sempre fiz / Ver a outra face da tranquilidade. E encerrado com: Guardarei todos em minha lembrança / Num lugar especial do meu coração / Sem vocês, eu fazer estes versos.... que esperança! / Cada um(a) impulsionou a minha emoção!

No meu sonho acalentado estava o item: conhecer a Lagoa Uberaba que, segundo pesquisadores, “é o maior lago do pantanal em área”. De lancha conduzida por um experiente piloto, navegamos longa distância. Já no fim da tarde, paramos e ouvimos do cicerone: “Essa é a Lagoa Uberaba!”. Tentei ver suas margens e não consegui, porque pareciam estar além da longínqua linha do horizonte. A sensação foi surpreendente!

Comparo aqui a vastidão da Lagoa Uberaba à vaidade que nós, seres humanos, carregamos. Se não tomarmos cuidado, essa deficiência psicológica ganha contornos imensuráveis. Estamos no período eleitoral, em que as órbitas das megavaidades se chocam como se assistíssemos quedas de braços sem fim. Comportamentos de candidatos vão além do razoável e decisões judiciais (que não se discute!?!) acompanham o mesmo veio. O Devido Processo Legal, antes cultuado, só não virou página morta porque há os que não desistem nunca.

“Quer conhecer uma pessoa, dê poder a ela”, disse o filósofo. Esse poder, se for movido pela “doentia vaidade”, torna-se insaciável, e no paciente inadvertido vira “doença incurável” e o transforma num tirano. E salve-se quem puder os que estiverem abaixo. Pior ainda se o acometido pela paranoia jactante for autoridade suprema, cujos julgamentos não o alcançam. Exercer a autoridade com vaidade é como a halitose; só o “ex adverso” percebe. Ou seja, a “lagoa interna” cresce tanto, tanto, tanto sem que o dono perceba. E a Lagoa Uberaba no rio Paraguai, se comparada, vira um simples açude.

Quanto mais vejo uma autoridade presunçosa, mais reforça em mim a frase: A grandeza é para os grandes, mas a humildade é para os maiores.

 

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