ARTICULISTAS

Jovens – ontem e hoje

Uma grande preocupação dos educadores nos dias atuais reside na falta de estrutura de muitos dos jovens

Terezinha Hueb de Menezes
Publicado em 08/10/2011 às 21:51Atualizado em 19/12/2022 às 21:56
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Uma grande preocupação dos educadores nos dias atuais reside na falta de estrutura de muitos dos jovens.

Percebemos neles uma insatisfação generalizada: o que vestem não agrada, o que comem não é o que querem, estudar é entediante, orientação dos pais e dos mestres se lhes aparenta como ultrapassada.

Os tempos realmente mudaram. Os meios de comunicação – televisão e internet, principalmente – ditam modismos, empurram os jovens e até crianças para o consumismo desnecessário, centrado em marcas jogadas no mercado com a única função de seduzir.

Se remontarmos a tempos atrás, veremos, em sua maioria, uma juventude menos exigente, em todos os sentidos. O percurso para a escola normalmente era feito a pé. Os uniformes escolares, principalmente os femininos, mostravam-se pesados e solenes. Não havia a facilidade de acesso a livros, a não ser os didáticos, muito menos existia internet: o estudo se fazia sem ajuda de computador: lápis e caneta, questões abertas nas tarefas e nas provas, estas incluindo as famosas provas orais. E não adiantava reclamar, pois os pais não admitiam reclamações, colocando-se sempre ao lado dos mestres, com isso, apoiando-os nas orientações pedagógicas. E isso forjava adultos mais responsáveis e, talvez, mais felizes.

Hoje as facilidades se estendem a cada dia: quais os jovens que leem, a não ser os livros indicados pelas escolas? Às vezes nem esses: basta acessar o Google, e os resumos lá estão. E tudo com o consentimento de muitos pais. Roupas, tênis, mochilas, fichários, tudo precisa estar conforme os ditames da moda. O professor - coitado! – que se atreva a chamar a atenção de determinados alunos: os pais, em vez de apoiá-los, acreditam na versão dos filhos, postando-se contra o professor. Lembro-me de um aconteciment a escola foi procurada por determinada mãe de aluna de outra escola, querendo transferi-la fora de época. Aconselhei-a a manter a filha na escola de origem. Para entender os motivos da pretensa atitude, perguntei à mãe sobre a disciplina da filha, ao que ela me respondeu ser ótima, sem problemas. Mesmo assim, justificando impedimento regimental, recusei a matrícula. Posteriormente, soube: tratava-se de aluna extremamente indisciplinada, “convidada” a sair da outra escola.

Talvez um dos motivos da insatisfação dos jovens esteja na falta de segurança sobre o que querem para suas vidas. Não recebem, por vezes, as orientações necessárias em casa. Essa “desorientação” estimula uma busca também desorientada, sem suporte, sem metas definidas: surge a frustração, delegando-se a fatores irrelevantes as causas da insatisfação.

É preciso repensar a educação, não apenas nas escolas, mas principalmente nas famílias. Cada um é resultado dos valores que lhe foram passados em casa. E quando tais valores estão ausentes ou  invertidos na escala axiológica, o resultado são jovens e futuros adultos com expectativas confusas e alienadas. Aí, encontrar culpados torna-se difícil. E nem adianta mais.

(*) Educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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