ARTICULISTAS

Irmãs Dominicanas, mulheres pioneiras

Maria de Lourdes Leal dos Santos
Publicado em 30/04/2020 às 06:41Atualizado em 18/12/2022 às 05:59
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Em tempo de “distanciamento social”, com apelos para mantermos a distância entre o próximo, cuidar do outro com ética e amorosidade para que possamos quebrar a cadeia de transmissão viral da Covid 19. Colocamos a vida, em primeiro plano e deparamos com um espaço favorável para as memórias e a contemplação.

“Contemplar e dar ao outro o fruto de nossa contemplação”: eis o carisma dominicano. Nesse contexto, o Mestre da Ordem, Fr. Gerard Francisco Timoner III, OP, relembra que a “nossa missão é construir a comunhão neste momento de crise. [...]

Neste tempo de quarentena na quaresma, somos convidados a parar e refletir sobre a proximidade de Deus conosco”. Essa empatia foi vivenciada pelas Irmãs Dominicanas em fins de outubro de 1918, quando a terrível gripe espanhola assolou Uberaba. Uma pandemia do vírus influenza que se espalhou por todos os continentes, disseminada por soldados que lutavam na I Guerra Mundial. Matou milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo registros históricos da congregação dominicana, a cidade de Uberaba estava desolada e a pandemia atingiu proporções alarmantes. As autoridades locais ordenaram a suspensão das aulas, as alunas internas se retiraram do Colégio Nossa Senhora das Dores, mesmo que não houvesse um só caso da gripe. A presença e atuação das Irmãs Dominicanas foram marcantes.

“Elas se disponibilizaram a colaborar com a municipalidade para socorrer os doentes. Em duplas, percorriam os diversos bairros da cidade, levando socorro a domicílio, aos pobres e abandonados. Sem temer o contágio, entravam nas casas mais humildes, informavam-se das necessidades, faziam consultas a médicos, procuravam remédios e outros socorros, providenciavam o internamento dos doentes em hospitais. As ruas da cidade se encontravam desertas, as casas comerciais fechadas, bem como as fábricas. As farmácias não tinham pessoal suficiente. Poucos veículos circulavam à disposição dos médicos e alguns automóveis foram transformados em ambulâncias. No meio da consternação geral, as Dominicanas, no seu hábito branco, eram símbolo de esperança e caridade. Inspiravam respeito e simpatia.

A epidemia serviu para abrir às Irmãs as portas do hospital. ” A superiora do Colégio, francesa, Madre M. Alexandra do Menino Jesus, encaminhou à administração da Santa Casa de Misericórdia algumas religiosas enfermeiras como auxiliares. Logo, os médicos diretores delegaram a elas a responsabilidade da direção interna do hospital, em 09 de novembro de 1918. Encontraram a Santa Casa em péssimas condições. Receberam o apoio dos Irmãos Maristas que doaram centenas de colchões. Os comerciantes uberabenses contribuíram com lençóis, roupas hospitalares, chinelos, louças e utensílios. No final de dezembro, a epidemia cessou e as irmãs continuaram a missão, assumindo também a direção da enfermaria militar, anexa à Santa Casa. Percebe-se o valor da presença dominicana em nossa sociedade, nos campos da educação e da saúde, mulheres empreendedoras, guerreiras no caminho de lutas, instruindo, curando, amando e espalhando a semente do amor e do cuidado. Que São Domingos de Gusmão nos proteja, nos ilumine, nesse tempo atual de enfrentamento, com esperança, solidariedade e comprometimento com o próximo.

 

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