No ano de 1986, passou próximo da terra o tão esperado Cometa Halley, cuja “visita” anterior havia ocorrido em 1910. Diante da promessa mundial de que ele nos daria espetáculo deslumbrante nos céus, um pai preparou as crianças e foi com a família para uma fazenda, onde o clarão urbano não interferisse no visual. Eles aguardaram até altas horas do dia 9 de fevereiro de 1986, mas o tal gigante astral não veio.
O pai, com indisfarçável tristeza, não foi dormir e se sentou na varanda, onde falava consigo mesmo sobre a sua frustração. Olhando firme as constelações prateadas que inundavam os céus, ele indagou ao Criador: por que não merecemos ver o Cometa, se esse era um sonho meu e de minha família? Daqui a 75 anos não estarei aqui para vê-lo...
Outras reflexões transcendentes daquele pai se seguiram e eis que, de repente, surge ao seu lado um filho pequenino com trajes de dormir e mamadeira em punho. “Papai, o que o senhor faz aí, sentado sozinho?” – perguntou a criança, como se estivesse chamando o pai para dormir. “Estou refletindo sobre Deus, meu filho”, respondeu o pai ao menino. Depois, baixou vagarosamente as vistas e acolheu o seu pequetito no colo.
Observando que o pai voltava as vistas ao céu, a criança interpela-o dizend “Papai, o senhor pode refletir sobre Deus olhando também para o chão, as árvores, as flores e os pássaros?”. “Sim, filho, não só posso como devo. Afinal, Deus é tudo o que vemos e não vemos. Ele é o universo em todas as suas dimensões. Não há mesmo razão para que eu olhe apenas para o alto.” Seguiu-se um longo silêncio...
Naquele instante, o pai chamou à memória o ensinamento da Logosofia que aqui transcrev “Não se conforme somente em saber que Deus existe. Você deve senti-Lo através das manifestações conscientes de seu próprio espírito; isso será possível à medida que consiga penetrar nos conhecimentos que conduzem a Ele”. E lembrou a si mesmo que só assim podem ser calmadas as inquietudes do espírito humano.
E você, leitor (a), deve estar se perguntand de onde o inquieto menino tirou a pergunta que fez ao seu pai? Qual era a sua idade para formular aquela indagação transcendente sobre Deus? Respostas: a criança tinha três anos incompletos e o lugar onde forjava as bases para expressar a sua inquietude era o Setor Infantil da Fundação Logosófica. Ali, ele, o menino, realizava o processo de aproximação ao Criador através dos “conhecimentos que conduzem a Ele”.
Justificada está a razão da inquietude? Por certo que sim. E o pai da criança quem era? É o autor destas linhas.