Incômodo infernal

Tenho uma amiga que foi internada por causa desses mosquitinhos que ficam nos rondando o tempo todo. Eles são realmente de desesperar. Entram nas narinas, nos ouvidos, nos deixam trêmulos para espantá-los e, quando menos se espera, lá estão eles de volta a nos incomodar. Ficamos como animais no pasto, com o corpo a tremer para espantá-los. São terríveis, pousam em nossas orelhas e não tem como matá-los com a mão ou com veneno aerossol. Dizem que foram criados em laboratórios para atuarem em plantações de cana de açúcar. Foram liberados milhões nestas plantações, agora migraram para as cidades. Deixam-nos loucos da vida. Esses dias uma atendente me deixou falando sozinho, ela não conseguia se concentrar em meu pedido e espantar os mosquitinhos, que insistiam em aterrissar em todas as partes de seu rosto. Entravam pela sua boca e se podiam ouvir os dentes triturando-os, ela os cuspia de nojo daquela comilança não opcional. Saí às pressas de lá. Senão ela teria um ataque de nervos agressivos por não poder me atender e espantar os mosquitinhos. Eles são minúsculos e não conseguimos mira-los certeiramente. O stress da atendente foi uma somatória de incômodos sob a musicalidade de escapamentos de moto, carro com propaganda sonora. A vigilância sanitária deve nos dar uma resposta para esse fenômeno social desesperador, que são esses mosquitinhos. Pensava que o pernilongo era o mais chato de todos, mas não. Ele provoca, sim, as mais variegadas formas de reações, enquanto aqueles levam à loucura. Pernilongos têm como combater. Estes outros me parece, até o momento, que não. Essa minha amiga internada me informou que outras pessoas deram entrada em seu pavilhão com suspeitas de irritabilidade aguçada. Acontece que o hospício está tomado pelos mosquitinhos, então, os pacientes, passam a pensar que é perseguição proposital e o diagnóstico de sua doença é agravado pelas suas presenças. Eles estão sob pressão se sentem perseguidos, têm alucinações sendo carregados pelos mosquitinhos e, durante os seus sonhos, eles crescem, deixam de serem filhotes. Não sei combatê-los ou repeli-los. Os repelentes comuns, os que usamos para espantar o mosquito da dengue ou pernilongo, são ineficazes para com eles. Não os espanta. Criados em laboratórios são super-resistentes as fragilidades humanas e imunes aos inseticidas vendidos no mercado legal. Queria saber quem paga os danos mentais sofridos pelos ataques deste inseto. Eles não dão trégua a ninguém. Não importam com a idade, sexo, etnia ou condição social. Claro, os de situação social melhor têm como se defender em suas resistências com ar condicionado ou ficarem à frente dos ventiladores em defesa corporal. Olha, vou lhes contar; são terríveis esses insetozinhos. Porque os usineiros mandaram criar esse animalzinho em laboratório e qual seria o seu objetivo nas plantações de cana de açúcar, cujo corte era por queimada e agora é por mecanização. Deve haver uma resposta para o nosso necessário saber.

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