ARTICULISTAS

Humildade x Arrogância

Admiro as pessoas que sabem manter-se humildes

Terezinha Hueb de Menezes
Publicado em 27/07/2014 às 13:48Atualizado em 19/12/2022 às 06:42
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Admiro as pessoas que sabem manter-se humildes, a despeito do cargo que ocupam, da condição social, financeira ou cultural.

Na mesma medida, execro aquelas que se mostram arrogantes, principalmente em face dos mais humildes ou de situações menos privilegiadas.

Você, caro leitor, já deve ter passado por situações em que o outro, julgando-se superior, o tenha olhado do alto de sua arrogância, como se se tratasse de um semideus, que tudo pode, tudo sabe, na prepotência de dono da verdade: a verdade do outro não lhe interessa, fechado que se mostra sempre em relação ao diálogo. Por isso a ironia e o desprezo são as armas prediletas dos arrogantes.

E como, em contrapartida, sabemos reconhecer a humildade estampada em palavras e atitudes daqueles que ignoram os próprios privilégios, esculpidos no poder, na riqueza, na situação social ou cultural! Há, na sociedade, verdadeiras castas em que os arrogantes, por conta própria, se instalam, olhando o próximo com a superioridade própria daqueles que, muitas vezes, não dão conta de carregar o próprio prestígio – nem sempre visível ou reconhecido, mas sempre arrotado com veemência por quem o carrega.

Muito comum tal condição, em algumas áreas sociais, naqueles que se mostram mais propensos a menosprezar determinadas situações que a orientar e encaminhar os que precisam, na ajuda que se faz necessária: é fácil julgar ou ignorar o que está do outro lado. Mas, felizmente, há os humildes, humildes na competência, no trato civilizado e respeitoso com os que necessitam, sejam estes simples ou não, cultos ou não, mas seres indefesos em determinadas situações.

Santa Teresinha do Menino Jesus (Santa Teresa de Lisieux) dizia que “A humildade é a verdade mesma”, ou seja, aquilo que é verdadeiro não deve ser desprezado, precisa ser visto e falado, respeitando, porém, nas palavras e nos gestos, aquele que está do outro lado.

Cristo, no maravilhoso sermão das bem aventuranças, falou: “Bem aventurados os humildes de coração, porque deles é o reino dos céus.” (Mt 5, 3) Pobreza e humildade de coração nada têm a ver com situação financeira e social, mas com aqueles que sabem manter-se humanos e com olhos abertos, “vendo” o que se coloca a sua volta, e, não, vedando a vista e o coração como se o seu considerado inferior fosse lixo desprezível.

“Bem aventurados os humildes de coração”: vendo essa fala, lembro-me de meu inesquecível Murilo, que dizia sempre sobre a própria alegria em conversar com pessoas que, mesmo não carregando diploma universitário, nem situação financeira privilegiada, sabiam, detinham, na humildade, a sabedoria conferida pelo diploma da vida: sábios pela postura, pelas lições recebidas com humildade e repassadas com a mesma humildade, absorvidas, muitas vezes, das intempéries existenciais.

Por tudo isso, ao longo de minha já extenuada jornada educacional, procuro, sempre, passar a meus alunos lições de como o ser humano - seja que autoridade for - precisa saber olhar o próximo com visão em linha reta, não de cima para baixo, como se “sua verdade” fosse a única e universal.

“Bem aventurados os humildes de coração, porque deles é o reino dos céus.”

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