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História oral

As pessoas sempre têm uma história para contar. O estimado leitor por certo já viveu a experiência de estar numa roda de amigos quando um deles contou um episódio qualquer e, com isso, prendeu a atenç

Mozart Lacerda Filho
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 14:37
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As pessoas sempre têm uma história para contar. O estimado leitor por certo já viveu a experiência de estar numa roda de amigos quando um deles contou um episódio qualquer e, com isso, prendeu a atenção de todos. Não há ninguém que não goste de ouvir uma boa história. Até mesmo as repetidas fazem sucesso. Não fosse assim, não leríamos livros ou assistiríamos a filmes mais de uma vez.   Pois bem. A historiografia mais recente, que abrange a história oral, também descobriu o valor dessas histórias, e seus conteúdos são alvos da investigação de historiadores.   A história oral desenvolveu-se, inicialmente, após a II Guerra Mundial, tendo como grande marco a criação do seu primeiro projeto formal na Universidade de Columbia, Nova York. O desenvolvimento deu-se através da combinação de avanços tecnológicos, com a invenção do gravador portátil e a necessidade de se conhecerem as experiências vividas por ex-combatentes, familiares e vítimas da guerra, através dos relatos orais. A primeira geração de historiadores orais surgiu nos Estados Unidos, nos anos 50, com o propósito de reunir material para historiadores futuros. Uma de suas principais características era que se ocupava da história de indivíduos notáveis. Na Itália, a pesquisa oral foi utilizada para recuperar a cultura popular, alijada das investigações historiográficas. A segunda geração foi marcada por uma nova concepção da oralidade, reportando-se aos relatos orais das minorias étnicas, dos iletrados, dos marginalizados entre outros.   Um dos aspectos indicativos do desenvolvimento dessa nova história oral foi a adesão de vários estudiosos, entre eles, Paul Thompson, na Inglaterra, Mercedes Vilanova, na Espanha, e Danièle Hanet, na França. Pode-se afirmar que foi a partir do XIV Congresso Internacional de Ciências Históricas de San Francisco, em 1975, e do primeiro Colóquio Internacional de História oral realizado em Bolonha que se concretizou o marco fundamental da terceira geração de historiadores orais. No Brasil, em 25 de junho de 1973, foi criado o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV).   Cabe pontuar que a história oral no Brasil, assim como no restante da América Latina, principalmente nos países que viveram governos ditatoriais, teve sua incorporação associada ao processo de redemocratização, o que diferencia o papel da história oral latino-americana da europeia ou da norte-americana.   A fundação da Associação Brasileira de História Oral (ABHO), em 1994, durante o Segundo Encontro Nacional de História Oral no CPDOC-FGV, congregou historiadores orais de diferentes Estados, o que fortaleceu as trocas de experiências entre os mesmos.   Essa comunhão de pesquisadores possibilitou a realização de outros eventos no País, fato que culminou na escolha do Brasil para sediar o X Congresso Internacional de História Oral em 1998, no Rio de Janeiro, incentivando a criação de uma revista semestral e de núcleos de estudos da oralidade em diferentes instituições.     (*) doutorando em História pela Unesp/Franca; professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira e da Facthus Mozart escreve semanalmente neste espaço  

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