Os católicos do mundo todo fomos surpreendidos
“Habemus papam!”
Os católicos do mundo todo fomos surpreendidos duplamente: primeiro, com a renúncia de Bento XVI. Após o susto, a compreensão de que ninguém, nem mesmo o Sumo Pontífice, é obrigado a suportar peso superior ao que os próprios ombros suportam. Ou o espírito. Depois, a eleição de Jorge Bergoglio, argentino, com raiz italiana. Parecia não ser o preferido, mas foi o escolhido.
Em suas mãos, o difícil legado de tantos problemas e de decisões que se fazem urgentes.
Encantou-me a figura do agora Francisco. Nem quis o Francisco I. Talvez soasse pomposo demais. Encantou-me sua humildade. Encantou-me seu sorriso ameno, na preocupação com os pobres e desvalidos. Encantou-me a dispensa de pompas e gala, da cruz de ouro, do carro oficial. Encantou-me a dispensa do anel de ouro, substituído por outro de prata, com banho dourado. Encantou-me a quebra de protocolo, a questão de se apresentar como integrante comum no ministério da Igreja, nem superior, nem inferior, mas igual.
O nome Francisco não me sugere apenas humildade. São Francisco de Assis foi também reformador: “Francisco, reconstrói a minha Igreja que ameaça ruir.” Talvez o chamado hoje, soprado pelo Espírito de Deus, seja esse. Urgem reformas.
No ministério sacerdotal – perdoem-me a ousadia – não vejo por que não incluir homens casados, muitos saídos da lida sacerdotal para assumir família, mas que continuam com integridade moral e religiosa, espalhando o bem por onde passam ou atuam. Aqui em Uberaba, mesmo, há exemplos de homens de conduta irrepreensível, católicos praticantes que poderiam assumir funções importantíssimas no seio da Igreja. Ou mesmo admitir-se ao sacerdote o celibato opcional, dando-lhe o direito de assumir a vida matrimonial. Outra situação seria a ordenação feminina: tantas religiosas santas do conhecimento de todos, tantas ministras da eucaristia dedicadas, muitas vezes mais à Igreja que às famílias, as quais também trariam contribuição importantíssima para o quadro eclesial. As justificativas sobre a tradição não mais convencem: os tempos são outros, a realidade é outra.
Com essas medidas, penso eu, ampliando-se o contingente, poderá haver um rigor maior quanto à vocação e à formação dos futuros sacerdotes, eliminando-se, assim, muitos dos casos de preparação insuficiente/inadequada de alguns proponentes à vida sacerdotal. E para amenizar, ainda mais, tantos problemas de desvio de conduta, talvez a adoção do celibato opcional seja também uma saída. Muitos dos apóstolos não eram casados? Nem por isso Cristo os rejeitou.
Penso, ainda, que outras preocupações assoberbam a vida do Sumo Pontífice: que o Espírito de Deus o ilumine.
Perdoem a intromissão desta leiga que ousa abordar problemas ligados à Igreja – que tanto amo! - e com a qual todos temos obrigação de contribuir, inclusive com nossas orações.
E viva o Papa Francisco, simplesmente Francisco, em sua simplicidade!
(*) Educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro