A escola que queremos, da qual às vezes reclamamos, está sendo construída por professores, gestores, estudantes, funcionários, pais, Estado, políticos, empresários e pela sociedade.
A escola que queremos, da qual às vezes reclamamos, está sendo construída por professores, gestores, estudantes, funcionários, pais, Estado, políticos, empresários e pela sociedade. Ninguém pode estar de fora, senão o desinteressado. Se a escola é boa ou ruim, a responsabilidade é de todos. Com indignação e trabalho, podemos superar o que entendemos estar fora do lugar. O que garante a eficácia da escola, além do comprometimento de todos, são as idéias, os projetos de formação que apontam concretamente para a construção de novas realidades, com pessoas inquietas, que, sem se acomodarem, recriam seu fazer, estudam e têm em suas vidas o insaciável saber. A educação – a escola – é produção de conhecimento e está ligada essencialmente ao homem. Portanto, o trabalho educativo é o processo de produzir, intencionalmente, em cada indivíduo singular o genérico, que é produzido pelo conjunto dos homens. O entendimento de que a educação tem uma identidade própria tem uma especificidade que é pedagógica e pode ser institucionalizada, é correto. E o lugar dessa institucionalização é a Escola, sem perder de vista as contradições da sociedade capitalista que não se reduz à luta de classes ou pelo menos da pós-moderna. As descobertas tecnológicas invadiram os processos de produção, tornando o trabalho impotente diante das possibilidades da Ciência, que passou a ser a grande força produtiva, fazendo surgir novas formas de organização e novas reestruturações nas relações entre capital e trabalho. Nesse sentido, a administração não dá conta mais das mudanças pelas quais passam as sociedades contemporâneas. Surge, então, a gestão. O termo administração está ligado às questões e formas de governo e, portanto, aos seus objetivos, enquanto que a gestão está ligada à atuação de setores organizados da sociedade civil, no planejamento e efetivação de políticas públicas que se ligam ao processo de trabalho. A gestão escolar, portanto, deve ser democrática devido à sua essência pedagógica e às novas relações nas decisões, na articulação de interesses coletivos e na melhoria do projeto pedagógico, na qualidade do ensino e no clima organizacional, encorajando o comprometimento de todos. No entanto, não se equivoque, desconsiderando a gestão como poder, aspecto importante e imprescindível na vida política e democrática. Conforme o cientista Habermas, o poder serve para preservar a práxis da qual se originou e consolida-se em poder político, através das instituições que asseguram formas de vida baseadas na fala recíproca. O poder é o resultado da capacidade humana de agir, de se unir aos outros e atuar em concordância com eles, tendo em vista o entendimento para a realização de algo. “Ninguém possui verdadeiramente o poder; ele surge entre os homens que atuam em conjunto e desaparece quando eles novamente se dispersam”. A escola, no entanto, em virtude de sua especificidade, não pode ser pensada e tratada como se fosse igual à sociedade civil ou a outras instituições públicas ou privadas. Ingênua e equivocada é qualquer tentativa de transportar para o seu interior somente as práticas existentes na sociedade política devido à sua autoridade, que não se reduz à eleição de diretores, por estar além da administração, por se fazer no saber por processo de gestão. (*) Professor gilcaixeta@terra.com.br Gilberto Caixeta escreve às terças-feiras neste espaço.