A galáxia espiral NGC 628, localizada a 32 milhões de anos-luz de distância da Terra, em imagem do Telescópio Espacial James Webb (Foto/Nasa via REUTERS)
O universo está se expandindo mais rapidamente do que o previsto. Esse fenômeno, validado por dois anos de dados do Telescópio Espacial James Webb, da NASA, levanta novas questões sobre os misteriosos componentes cósmicos – matéria escura e energia escura – e desafia o modelo padrão da cosmologia.
Os dados do Webb corroboram observações feitas pelo Telescópio Espacial Hubble, que indicam que a taxa de expansão do universo, conhecida como constante de Hubble, é cerca de 8% maior do que o esperado com base nos modelos cosmológicos atuais. Essa discrepância, chamada de “Tensão de Hubble”, foi um enigma debatido por mais de uma década.
Adam Riess, astrofísico da Universidade Johns Hopkins e ganhador do Prêmio Nobel de Física em 2011, liderou o estudo publicado no Astrophysical Journal. “Os resultados do Webb confirmam a intrigante descoberta do Hubble: o universo está se expandindo mais rápido do que nossas melhores teorias conseguem explicar”, disse Riess.
Grande parte do desconhecido sobre o universo envolve a matéria escura e a energia escura, que juntas compõem 96% do cosmos. A matéria escura, que representa cerca de 27%, é invisível e detectada apenas por seus efeitos gravitacionais sobre a matéria comum. Já a energia escura, que responde por 69%, é uma força hipotética responsável por impulsionar a aceleração da expansão do universo.
Segundo Siyang Li, doutorando da Johns Hopkins e coautor do estudo, os resultados sugerem que talvez seja necessário revisar o modelo atual do universo. "Identificar o que está faltando, porém, é um desafio monumental", afirmou.
Os pesquisadores usaram três métodos para medir a constante de Hubble, focando em distâncias entre a Terra e galáxias com estrelas pulsantes chamadas Cefeidas. Os dados do Webb e do Hubble, obtidos por meio de tecnologias diferentes, estavam em harmonia, eliminando a possibilidade de erro instrumental nas medições anteriores.
Enquanto o modelo padrão prevê uma constante de Hubble entre 67 e 68 quilômetros por segundo por megaparsec (distância equivalente a 3,26 milhões de anos-luz), os dados dos telescópios indicam valores médios entre 70 e 76.
A causa da Tensão de Hubble ainda é desconhecida, mas Riess menciona hipóteses envolvendo matéria e energia escuras, propriedades exóticas da gravidade ou até partículas subatômicas como os neutrinos.
Essa descoberta aprofunda nossa ignorância sobre o cosmos, mas também fornece pistas cruciais para futuras pesquisas. Como Riess resumiu: “Parece que há algo faltando em nossa compreensão do universo.”
Os cientistas continuarão a explorar essas questões, com o Telescópio Webb desempenhando um papel vital em desbravar os mistérios das forças que moldam o universo e sua história de 13,8 bilhões de anos.