O que é um Bebê Reborn? entenda polêmica que tem crescido nas redes sociais

Na última semana, o jornal O Estado de São Paulo, por meio da editoria "Estadão Conteúdo", publicou uma reportagem com o título: “O que é um bebê reborn? Entenda polêmica que tem crescido nas redes sociais”. O assunto tem provocado debates acalorados nas plataformas digitais.

As redes sociais, como TikTok e Instagram, têm sido palco de vídeos em que adultos aparecem cuidando de bonecas hiper-realistas conhecidas como bebês reborn. Nessas postagens, é comum ver o brinquedo sendo alimentado com mamadeira, vestido com roupinhas, levado para consultas médicas fictícias e até transportado em locais onde o atendimento preferencial é destinado a crianças de colo.

Esse comportamento tem dividido opiniões. Enquanto alguns usuários demonstram preocupação e questionam a saúde mental de quem trata a boneca como uma criança real, outros enxergam exagero nas críticas e acusam os comentários de carregarem preconceito de gênero.

Um internauta, por exemplo, comentou na rede X (antigo Twitter): “Me recuso a entrar na pauta do bebê reborn porque, na minha concepção, se tem homem de 40 anos vestindo camiseta do Superman e colecionando action figure, tá mais do que liberado brincar de boneca”.

A repercussão do tema foi tão intensa que chegou ao Congresso Nacional. Na quinta-feira (15), foi apresentado um projeto de lei na Câmara dos Deputados com o objetivo de coibir o uso indevido dos bebês reborn em situações de atendimento prioritário.

A proposta prevê aplicação de multa que pode chegar a 20 salários mínimos para quem tentar obter vantagens ou serviços preferenciais com base na posse de uma dessas bonecas, como se fosse um bebê real.

No entanto, até o momento, não há registros confirmados de que essas situações — como consultas agendadas no SUS ou uso de filas exclusivas — tenham de fato ocorrido ou se são apenas encenações criadas para gerar conteúdo nas redes.

Daniela Baccan, sócia da loja e fabricante Alana Babys, com sede em Campinas (SP), afirma que a maioria dos compradores dos bebês reborn ainda são crianças. Ela admite que existem adultos que tratam a boneca como um bebê, mas considera isso um comportamento isolado e, muitas vezes, com fins comerciais.

Segundo Daniela, os bebês reborn são bonecas confeccionadas artesanalmente, com aparência extremamente realista. Apesar de existirem desde o início dos anos 2000, a produção evoluiu nos últimos três anos com novos materiais que tornam as bonecas ainda mais parecidas com recém-nascidos.

Os valores variam bastante: os modelos mais simples, feitos de vinil (material mais rígido), partem de R$ 750. Já os mais sofisticados, fabricados com silicone sólido — que simula com mais precisão a pele humana —, podem ultrapassar os R$ 9,5 mil.

Alguns modelos chegam a ter dispositivos que simulam batimentos cardíacos e permitem que a boneca seja alimentada com mamadeira, urinando em seguida por meio de um sistema interno.

Além do realismo físico, essas bonecas podem ser personalizadas com diferentes tons de pele, olhos e até características específicas como as da síndrome de Down. No caso das de silicone, a pintura é feita camada por camada, garantindo riqueza de detalhes como unhas, dobras e até cordão umbilical.

Os cabelos, geralmente feitos de pelo de cordeiro, são implantados fio por fio. Em alguns casos, o kit de venda inclui certidão de nascimento, cartão de vacinas e até enxoval com roupas e acessórios iguais aos usados por bebês reais.

Na Alana Babys, inclusive, há a possibilidade de a boneca “retornar” para vacinas simbólicas ou cuidados periódicos, como parte de uma brincadeira mais elaborada — algo que contribui para o apelo emocional de quem adquire o produto.