Na sentença, o juiz disse que a extensão das atividades desenvolvidas pela organização envolvia diretamente países de três continentes, com efetivo e potencial alcance de usuários
O médico Haniel Caetano de Oliveira, acusado de compartilhar e financiar a produção de material de pornografia infantil em esquema internacional, foi condenado pela Justiça Federal a 20 anos e dois meses e mais 317 dias-multa. Oliveira, que trabalhava na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Mirante, foi preso pela Polícia Federal (PF) durante cumprimento da operação "Mr. Hyde".
A sentença foi proferida pelo juiz federal Osmane Antônio dos Santos. Ainda de acordo com a sentença publicada no Diário da Justiça, como não havia elementos para verificar com exatidão a situação financeira do médico, foi fixado o valor de um trigésimo do salário mínimo mensal vigente ao tempo dos fatos, corrigido monetariamente pelos índices oficiais até o efetivo pagamento. Cabe recurso à decisão, mas na sentença fica estabelecido que Haniel terá que aguardar em regime fechado. O médico está preso desde o dia 21 de dezembro do ano passado.
Durante depoimento à Polícia Federal, Haniel admitiu envolvimento com a quadrilha internacional desde 2012. Segundo a Polícia Federal, em 2012, quando ainda era estudante de medicina, o rapaz se associou a um australiano e uma filipina, responsáveis pela produção de um vídeo no qual uma criança de 18 meses é torturada e violentada sexualmente. Além desse vídeo, foram produzidos muitos outros registros com diversas vítimas, todas crianças filipinas. Uma delas foi morta e enterrada na cozinha da casa onde os abusos ocorriam.
Ainda conforme a PF, Haniel chegou a investir no esquema cerca de R$20 mil, em quase dois anos, para financiar os autores, recebendo os vídeos e fotos em contrapartida. Ele também os ensinou a obter remédios para dopar as vítimas antes dos abusos, informou a Polícia Federal. O comparsa australiano foi preso em fevereiro deste ano pela polícia filipina, juntamente com a Polícia Federal australiana e a Polícia Nacional da Holanda.
Na sentença, o juiz disse que a extensão das atividades desenvolvidas pela organização envolvia diretamente países de três continentes, com efetivo e potencial alcance de usuários e demais interessados em diversas outras regiões do globo.