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Futurologia

Publicado em 05/08/2009 às 10:00Atualizado em 20/12/2022 às 11:21
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João Gilberto Rodrigues da Cunha Agosto é mês de cachorro doido, diziam os antigos. Isto, é claro, era afirmação do português que moía cana pro gado – afinal, este é o verdadeiro início da seca, e a vaca já vinha abeirando o curral, buscando algum verde pra comer. No caso do português, penso, devia ser lembrança do mês de agosto quando Pedro Álvares Cabral veio descobrir o Brasil. Foi em abril, nós sabemos, mas o Manoel Português insistia em agosto porque foi o mês em que Maria Preta enfiou-lhe na cabeça um caixote de rapaduras para corrigir-lhe as mãos e outras peças com que o bom Manoel a assediava. Bem, ficou a tradição do mês azarado, mesmo quando não apresenta cachorro doido ou caixa – todas de novas Marias. Vem daí o meu cuidado especial em observar os agostos da vida. Alguma coisa vai acontecer, penso, e futurologia admite tudo neste mês de surpresas. Este de hoje já começou a trovejar, explico. Lá em Brasília, as coisas estão fervendo e, geralmente, nós é que saímos sapecados. Vejam o amadurecimento do caso Sarney na Presidência do Senado. Um idoso ex-presidente da República, senador praticamente vitalício, dono da política do Maranhão, um nome e um comportamento jamais comparecente nas crônicas do nosso horror político. Pois bem, as brigas políticas não perdoaram nem os idosos senadores. Acontece que este ano é pré-eleitoral da Presidência da República e agosto é mesmo mês de cachorro doido. Pois vejam, meus amigos: não é que Sarney vira de conselheiro da república para ser a bola da vez? Tudo parecia calmo. Sua experiência e seu passado deveriam justificar tempos pacíficos na eleição inicial dos candidatos presidenciais. Sarney, pacato e farto, nunca iria ser candidato ou obstáculo político – afinal, a sua quilometragem já estava vencida. Entram na luta os novos nomes e candidatos. Está aceso o fogão. O pobrema, como ironizava o Lula, era a escolha adequada do candidato e o acordo político em torno do seu nome. A Dilma fica doente, a galeria exagera o perigo e risco em seu lançamento. É preciso alternativa e, sobretudo, lançamento de outros nomes, o que implica nas manobras da Câmara e Senado, e principalmente nos acordos e desacordos intra e extrapartidários. Começam as manobras e o pobre Sarney é escolhido bode expiatório. Alguns poucos o defendem, enquanto muitos buscam por onde e onde atacá-lo. Afinal, ele é o equilibrista de votos nas Câmaras. De início — eu acompanhei —, o Lula fez sua enérgica defesa – o bom amigo e companheiro, aquela sabedoria primária de “marolinha que vai acabar sozinha”. Agora e hoje, o Presidente vai mudando o tom, porque outras providências podem acontecer. “Eu não sou do PMDB e nunca votei no Sarney etc. e tal”. Ou seja, estão puxando o tapete do mestre Sarney. Mês de agosto, minha gente! Se ele gostasse de pescar, eu iria convidá-lo prum fim de semana na lagoa do Emendada. De companhia o sábio Dino, que aconselharia: doutor, galinha gorda e sozinha acaba na panela da vizinha... Vai pro Maranhão, doutor, até setembro pelo menos!   médico e pecuarista

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