A manifestação de jovens artistas à porta da Fundação Cultural de Uberaba não é teatro nem arte, é demonstração de descontentamento através da arte, do teatro
A manifestação de jovens artistas à porta da Fundação Cultural de Uberaba não é teatro nem arte, é demonstração de descontentamento através da arte, do teatro. É uma necessidade de que ela seja uma voz de transformação nas relações que permeiam a comunidade artística e o seu povo. É preferível a manifestação ao silêncio.
O prefeito herdou as políticas culturais de seu governo, entretanto entende que à frente da Fundação Cultural tem que estar um gestor de perfil democrático, comprometido com a função precípua do órgão. E para que pudesse implantar a sua ideia, passou a dialogar com várias personalidades da vida cultural, a fim de que elas inferissem conceitos e formulassem propostas administrativas para o setor cultural.
O deputado Narcio Rodrigues deu a sua contribuição após ouvir alguns atores na vida cultural uberabense e concluiu que o melhor caminho a perseguir seria a presença de um Secretario Executivo à frente da instituição, executando as deliberações de um conselho, além do enxugamento funcional do órgão. Entregou a proposta ao prefeito Anderson, colocando o seu mandato à disposição da comunidade cultural.
O atuante empresário Gilberto Rezende, memoralista ímpar, também exarou o seu parecer, trilhando nas propostas de incentivos à cultura, redefinição de funções administrativas do órgão, tornando-o eficaz na execução de políticas públicas culturais.
O prefeito, que já havia externado o seu desejo político de nomear um gestor cultural para a Fundação Cultural, apresentou, então, Rodrigo Mateus como gestor. O seu perfil é sem reparos, até porque já demonstrou competência por onde passou.
Às vezes nos precipitamos em nossas interpretações porque somos tomados pelo sentimento de corporativismo, sem aceitar que podemos ser um excelente professor sem perfil de gestor escolar; ser um exímio pintor sem condições de articular uma exposição, ou um ator sem perfil administrativo de espaço cultural. O que não se pode é ser gestor de uma instituição sem ser comprometido com a causa, conquanto os dias nos mostrem, nesses tempos modernos, a necessidade de diferenciar e contemplar, equitativamente, quem faz de quem administra. Temos vários exemplos.
O trabalho de Lélia Bruno à frente do Arquivo Público de Uberaba é exemplo de gestão, pois, mesmo não sendo do ramo arquivista, é comprometida com a arte e com a memória histórica. O gestor não pode é se cercar de assessores incompetentes para o tema ou admitir indicados políticos sem perfil, para não colocar em risco o bem comum; no caso, aqui, o patrimônio cultural.
No aspecto administrativo, acredito no novo gestor da Fundação Cultural. Quero crer que ele fará as mudanças necessárias para que tenhamos um órgão enxuto, competente, comprometido com a diversidade cultural, voltado aos segmentos sociais, cercando-se de assessores oriundos do mundo cultural, de visão renovadora sobre o papel das artes.
(*) Professor