ARTICULISTAS

Falar com Deus

Falar com Deus supõe lição do silêncio

Terezinha Hueb de Menezes
Publicado em 25/08/2013 às 11:48Atualizado em 19/12/2022 às 11:26
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Falar com Deus supõe lição do silêncio e da paz: ficar a sós, apagar a luz, calar a voz. É na aparente solidão que podemos conversar com Deus, na imersão em nosso íntimo, sedento do Espírito.

Falar com Deus exige entrega e despojament folgar os nós dos sapatos, da gravata, dos desejos, dos receios. O desapego às coisas materiais, o abandono às convenções e às pressões do dia a dia permitem-nos o aprofundamento a valores permanentes.

Falar com Deus propõe exercício de aceitaçã aceitar a dor, comer o pão que o diabo amassou. Não é fácil aceitar as intempéries da vida. Não é fácil enfrentar adversidades, na maioria das vezes, advindas da própria condição humana. Mas a revolta interior e a rebeldia nos afastam de Deus, pela perda de confiança e pela dúvida sobre Seu amor por nós.

Falar com Deus conduz à lição da humildade: lamber o chão dos palácios, dos castelos suntuosos do meu sonho. A soberba, o orgulho, as aspirações megalomaníacas levam o ser humano a julgar-se superior em relação aos semelhantes: estes são menos capazes e menos merecedores da aquisição de conquistas.

Falar com Deus mostra que, mesmo nas tristezas, precisamos cultivar alegrias: tenho que me ver tristonho, (...) e apesar de um mal tamanho, alegrar meu coração. Os que estão à nossa volta não podem ser obrigados a “engolir” também nossas tristezas, com interferência em suas vidas.

Falar com Deus estimula a enfrentar desafios: tenho que me aventurar, tenho que subir aos céus sem cordas pra segurar. Não podemos nos esquivar de correr riscos, se eles podem contribuir para nosso crescimento interior. Medos, receios, incertezas precisam ser enfrentados com coragem e força.

Falar com Deus propõe a necessária fé, na consciência de que, mesmo buscando as lições que nos conduzam ao diálogo com Ele, muitas vezes os nossos pensamentos não se concretizam como os forjamos – nada do que eu pensava encontrar. Em momentos assim, mais que falar com Deus – o que mais parece ser ouvido do que ouvir – precisamos escutar Deus em suas manifestações de amor. De alma aberta, no silêncio que acalma e suscita esperança, é possível que o sopro divino, sussurrado aos nossos corações, nos convença, com ternura, de que os nossos caminhos sejam os Seus caminhos.

NOTA: Esta crônica foi inspirada na composição Se eu quiser falar com Deus, de Gilberto Gil. As expressões em itálico foram dela extraídas.

(*) Educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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