Evódio e os gatos
Quando Evódio tinha cachorro não gostava de gatos, ao perder o seu bicho de estimação passou a ser intolerante, como os medievais foram com os gatos. Sempre os associou às feitiçarias
Quando Evódio tinha cachorro não gostava de gatos, ao perder o seu bicho de estimação passou a ser intolerante, como os medievais foram com os gatos. Sempre os associou às feitiçarias, considerando-os criaturas diabólicas. Os gatos vivem dentro de casa, comem miando, acordam miando, cochilam miando, e nunca estão satisfeitos. Quando homem e gato moram juntos se acarinham. O homem devido à companhia, e o gato por conveniência. Gato esfrega o rabo entre as pernas das pessoas, mas não nutrem nenhum vínculo com os humanos. Quando os donos mudam de casa eles ficam. Gatos não vigiam a casa porque são livres, e não se sentem pertencentes a ninguém. Amam aos gritos, berram de prazeres e procriam pelo gosto da transa. Abandonam as suas parceiras no primeiro telhado alheio e são péssimas companhias. Dizem que os humanos são a evolução biológica dos macacos, mas há quem diga, que os seus traços comportamentais são herdados dos gatos e gatas. Gato é dissimulado, tem olhar mentiroso, não gosta de compromisso e não tem vínculos com ninguém, exceto com o rato. A reação do gato é muito diferente do cão, quando ele defende o seu território é unicamente contra os outros gatos, nada mais lhe importando. Como os outros carnívoros marcam o seu território urinando nos seus limites, inclusive na cama do dono. Gato sai à hora que lhe convém, deita-se onde quer, come o que gosta, goza da hospitalidade, das carícias que lhe agradam, mas recusa-as quando as irritam. Na época da reprodução, a gata emite um grito característico e de grande alcance, que alerta todos os machos da vizinhança. O animal se torna subitamente selvagem, inquieto, e vaga de dia e de noite à procura de seu companheiro (ou de sua companheira). Os machos se lançam em combates implacáveis para resolver apenas a questão da precedência, uma vez que, no fim das contas, a fêmea será servida, a curtos intervalos, por todos os machos. A gata é uma excelente mãe, e é ainda capaz de amamentar cachorrinho, coelhinho e mesmo ratinhos órfãos. Para se expressar, o gato-caseiro dispõe de um vocabulário bem diversificado, cheio de miados, ruídos, assobios, gritos, espirros e sopros variados, capazes de expressar prazer, pesar, desprezo, medo, cólera, ameaça, namoro etc. A maioria dos gatos emite um som muito especial para saudar o dono, e todos sabem que um gato satisfeito ronrona. O miado é dirigido exclusivamente às pessoas e nunca aos outros gatos. O tato, a visão e a audição, são os sentidos mais desenvolvidos no gato. Tempos atrás, Evódio tentou matar um, que passeava sobre o muro. Atirou pedras, soltou rojões, água. O gato cairia no quintal alheio, e o cachorro o devoraria, mas o gato retornava ao seu passeio no por do sol. A luta de Evódio foi inglória porque ele se esquecera de que gatos, além de todos os predicados citados, têm 7 vidas, e há quem diga que quem conseguir tirá-las tem sete anos de atraso.
(*) professor