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Evódio e a receita

Recomenda-se a não automedicação, todavia, não se entende o porquê de tanta propaganda de remédio

Gilberto Caixeta
Publicado em 29/06/2010 às 19:29Atualizado em 20/12/2022 às 05:41
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Recomenda-se a não automedicação, todavia, não se entende o porquê de tanta propaganda de remédio. E é só gente bonita nas publicidades, como se estes tivessem o direito ao não recomendável. Mas, se permanecerem os sintoma deve-se procurar um médico; alerta o anunciante de remédios.

É paradoxal a recomendação. Evódio, após ser examinado pela sua médica, entregou-se aos exames de sangue para a análise de profissionais que pudessem diagnosticá-lo, e a medicina prescrever a cura. Assim sendo, ao sair do consultório da médica foi direto à farmácia aviar a receita. Afinal, não se deixa para o outro dia o que se deve resolver no instante. Por outro lado, ele já estava diagnosticado, havia passado horas sem comer e dias sem beber a fim de auxiliar na precisão do diagnóstico. Portanto, saiu do consultório foi à farmácia, entregou a receita à atendente.

Ela, toda solicita, foi logo procurando os medicamentos e os pondo em uma cestinha. Até que parou e ficou ali olhando a receita e os medicamentos dispostos na prateleira. Olhou, olhou e resolveu consultar uma colega de trabalho. Que ao ler a receita resolveu pegá-la e ficou, assim, por alguns segundos, tentando decifrar o nome do remédio prescrito. Entreolharam-se. Evódio as observava.  Passados alguns segundos, disseram-lhe que não conseguiam entender a letra, apontando para o nome do remédio. Evódio pegou a receita e não entendeu nenhum dos nomes ali descritos.

Então, dirigiu-se para uma outra farmácia, pensando que na próxima encontraria alguém mais credenciado a ler a prescrição médica. Ao entrar na próxima farmácia o ritual foi o mesmo, exceto o telefone que tocou e a atendente que o largou para atender. Depois do alô, sim senhor e não senhor, a atendente retornou à receita. Separou o medicamento e se estacionou com o olhar. Olhou, chamou alguém para auxiliá-la e nada de sair o nome.

Sem graça dirigiram ao freguês perguntando-lhe se ele conhecia aquele medicamento. Evódio declinou negativamente, sugerindo que ligassem para a médica perguntando o nome do remédio receitado. Ouviu como resposta, que ela é agressiva: - “se fizermos isso nos retirará de seu receituário de indicações”. Sem pestanejar Evódio sacou do celular e tocou no consultório. Chamou pela médica, mas a secretaria do consultório disse que ela estava com paciente e não poderia atendê-lo. Então, disse Evódi - “pegue o meu receituário e dita pra mim os remédios que ela me receitou”.

E, assim foi feito, ela foi ditando e, com o viva-voz do celular ligado, a atendente de farmácia pode anotar os remédios. Evódio agradeceu meio atravessado sem deixar de reclamar da cacografia indecifrável da médica.  Por fim, houve a dúvida se um dos remédios era em creme ou loção. Então, disse Evódio, escolha qualquer um. É um horror letra de médico, ainda mais quando são obrigados a prescreverem em letras legíveis e não o fazem. Evódio de posse de seus remédios duvidou que alguém com uma letra daquelas estivesse credenciado a prescrever.

(*) professor

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