RETROSPECTIVA

Futebol em 2022 teve Messi no topo, hexa adiado e domínio de Flamengo e Palmeiras

Confira retrospectiva do ano no futebol

Agência Estado
Publicado em 29/12/2022 às 16:11
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Lionel Messi, capitão da Seleção Argentina, campeã da Copa do Mundo em 2022 (Foto/Reprodução Instagram @leomessi)

Lionel Messi, capitão da Seleção Argentina, campeã da Copa do Mundo em 2022 (Foto/Reprodução Instagram @leomessi)

O calendário do futebol mundial em 2022 foi encerrado com o troféu com que Lionel Messi tanto sonhou em suas mãos. A Copa do Mundo do Catar representou a consagração para um dos maiores jogadores da história. O craque argentino ergueu a taça mais cobiçada entre os futebolistas em sua quinta tentativa e definiu seu legado no torneio que é o Santo Graal do futebol mundial.

Eleito craque do torneio no Catar, Messi deu fim à espera de 36 anos pelo título mundial de sua seleção com atuações de brilho como nunca antes havia protagonizado em uma Copa do Mundo. Foi no Oriente Médio o "enganche", o meia clássico, que geralmente é, mas também foi um atacante finalizador, um volante destruidor, dando carrinhos e ajudando seus companheiros na defesa, e até centroavante, como mostrou no terceiro gol da Argentina sobre os franceses. Procurou o tempo todo espaços vazios, achou brechas nas defesas adversárias e mostrou a genialidade dos tempos de Barcelona.

O camisa 10 da Argentina terminou como vice-artilheiro, com sete gols, atrás do francês Mbappé, e alcançou ao menos 12 marcas relevantes no Catar. Entre as principais estão a do recorde de partidas disputadas (26), a do atleta com mais participações em gols desde 1930 (22) e o fato de ter marcado gols em todas as fases em uma só edição de Mundial. "Eu esperei tanto por isso. Eu sabia que Deus iria me trazer esse presente, eu sentia que esta era a Copa certa", disse o astro argentino, que não desgrudou do troféu depois de conquistá-lo.

FIM DA ERA TITE COM NOVO FRACASSO

Havia muita expectativa em relação ao desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar. Tite havia tido um ciclo inteiro para implementar suas ideias e a campanha nas Eliminatórias, além do peso histórico da camisa verde e amarela, indicava que o Brasil era um dos favoritos, senão o principal, a conquistar o Mundial do Oriente Médio.

Ocorre que uma série de erros tirou da seleção brasileira o sonho do hexa. Pela quinta vez consecutiva, o Brasil foi eliminado para um rival europeu em uma Copa do Mundo. O algoz da vez foi a Croácia, nas quartas de final, com revés nos pênaltis. Neymar deixou a equipe perto da vitória com um golaço na prorrogação, mas os croatas empataram a quatro minutos do fim aproveitando falha e desatenção do time de Tite, que havia se lançado no ataque com sete jogadores.

Tite apontou que o Brasil foi superior à Croácia no jogo que custou a eliminação do time no Mundial e atribuiu a derrota à falta de efetividade de seus atletas. "Tenho certeza absoluta que, com o passar do tempo, as pessoas vão fazer uma avaliação devida", dissera.

Fato é que as escolhas do técnico, a fragilidade emocional de alguns atletas e a ingenuidade do time na prorrogação ajudam a explicar mais uma frustração do Brasil, que completará 24 anos sem título mundial na Copa de 2026.

FUTEBOL BRASILEIRO

O futebol brasileiro em 2022, como nos anos anteriores, foi dominado por Flamengo e Palmeiras. O clube carioca ganhou dois títulos, e o time paulista ergueu três troféus. O primeiro teve de corrigir seu rumo com troca de técnico para voltar às conquistas, enquanto que o segundo fez uma temporada consistente sob o comando do português Abel Ferreira. No Catar, a seleção brasileira fracassou mais uma vez em uma Copa do Mundo.

O Palmeiras abriu o ano com o vice do Mundial de Clubes, mas depois empilhou troféus. Ganhou a Recopa Sul-Americana em cima do Athletico-PR, foi campeão paulista com uma goleada histórica de 4 a 0 na finalíssima diante do São Paulo e depois terminou o ano com o título nacional mais importante, o do Brasileirão.

A conquista, garantida com o protagonismo do meio-campista Gustavo Scarpa, fez o time alviverde ampliar a sua hegemonia no País, uma vez que o Palmeiras tornou-se hendecacampeão. Com 11 títulos, é o maior campeão nacional atualmente.

O Flamengo fez um primeiro semestre ruim, com turbulência e crise derivados dos fracassos na Supercopa do Brasil, título que perdeu para o Atlético Mineiro, e no Campeonato Carioca, cujo título ficou com o rival Fluminense.

Sob forte pressão, o português Paulo Sousa foi demitido e a diretoria trouxe Dorival Junior para seu lugar. O treinador fez o básico bem-feito, com poucos ajustes, o principal deles a entrada de Pedro entre os titulares para comandar o ataque, e foi bem-sucedido com um segundo semestre quase que se irretocável.

O Flamengo deslanchou, foi derrubando adversários até chegar às finais da Copa do Brasil e da Libertadores. Houve drama e dificuldade para ganhar os dois títulos, mas, no fim, o time rubro-negro sorriu, com vitória nos pênaltis sobre o Corinthians no Maracanã após 0 a 0 e 1 a 1 e triunfo por 1 a 0 sobre o Athletico-PR em Guayaquil, no Equador.

Segundo torneio mais importante do continente, a Sul-Americana escapou do São Paulo, que foi derrotado na final para o Independiente del Valle, do Equador, por 2 a 0, e se despediu da temporada com dois vices e sem taça.

CRAQUES

Flamengo e Palmeiras dominaram as principais conquistas do futebol brasileiro no ano e, como consequência, tiveram seus atletas na lista dos craques das competições. Os flamenguistas levaram premiações individuais na Copa do Brasil e na Libertadores.

O meia uruguaio Arrascaeta foi eleito o craque da Copa do Brasil e o centroavante Pedro, o melhor jogador da Libertadores - ele foi também o artilheiro do torneio, com 12 gols.

No Brasileirão, o Palmeiras colocou seis jogadores na seleção do campeonato, elaborada a partir da votação de centenas de jornalistas, capitães e treinadores das equipes que disputam a Série A. Weverton, Marcos Rocha, Gómez, Murilo, Piquerez e Gustavo Scarpa integraram a formação ideal do torneio.

Além disso, o hendecacampeão nacional teve o craque da competição, Gustavo Scarpa, a revelação, Endrick, e o melhor técnico, o português Abel Ferreira.

ESTADUAIS

Sem o prestígio do passado, mas ainda importante para muitos clubes, os estaduais consagraram campeões conhecidos e algumas zebras pelo Brasil em 2022. O Paulistão, mais antigo Estadual do País, foi conquistado pelo Palmeiras. Vice em 2021, o time alviverde deu o troco no São Paulo com uma remontada histórica na finalíssima no Allianz Parque e levantou seu 24º troféu do torneio.

No Rio, o Fluminense impediu o tri do Flamengo ao derrotar o rival com protagonismo do argentino Germán Cano e ficar com a taça, a primeira desde 2012. Em Minas, o Atlético superou o arquirrival Cruzeiro para ser tricampeão de forma consecutiva e erguer o troféu pela 47ª vez na história.

No Rio Grande do Sul, o Grêmio voltou a ser pentacampeão gaúcho depois de 33 anos. A taça, erguida pela 41ª vez, foi assegurada após vitória sobre o Ypiranga na final. No Paraná, o Coritiba desbancou o rival Athletico na semifinal antes de vencer o Maringá em dois jogos e se sagrar campeão após cinco anos. O time tem 39 títulos estaduais e se distanciou ainda mais na liderança como o maior campeão do Estado.

No Nordeste, destaque para o Fortaleza, campeão cearense e da Copa do Nordeste, com vitória na final sobre o Sport. O time do técnico argentino Juan Pablo Vojvoda ganhou as duas competições de forma invicta.

RETORNO DO CRUZEIRO À ELITE

Em 2022, a torcida cruzeirense enfim pôde comemorar. Após três anos jogando a Série B do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro voltou à elite do futebol brasileiro. O acesso foi confirmado com triunfo em cima do Vasco por 3 a 0, no Mineirão, pela 32ª rodada.

O retorno à Série A foi comemorado com direito à volta olímpica, carrinho da maca e Ronaldo Fenômeno, gestor do clube, sendo carregado pelos jogadores. O ex-atacante foi tratado como o principal responsável pelo regresso à elite. Ele assumiu o Cruzeiro como sócio majoritário da SAF no fim de 2021. Na época, via o time como um ‘paciente na UTI’ com um cenário de terra arrasada provocado por uma dívida superior a R$ 1 bilhão.

Passados oito meses, o que parecia inviável aconteceu. Com os salários em dia, as contas equilibradas e um técnico cascudo, o time mineiro garantiu o acesso e o título da Série B. "É sempre importante falar que a situação do Cruzeiro é preocupante, a dívida bilionária. A diferença é que está controlada. Isso acontece porque temos gestores no dia a dia do clube, os salários estão em dia, as contas em ordem e não temos nenhuma surpresa financeira", disse Ronaldo depois da trajetória bem-sucedida da equipe na segunda divisão.

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