ARTICULISTAS

Encabrestamento

Em tempos de eleição, não é difícil vermos

Savio Gonçalves dos Santos
Publicado em 21/09/2012 às 19:52Atualizado em 17/12/2022 às 09:09
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Em tempos de eleição, não é difícil vermos algum voto de cabresto. A conhecida prática, realizada por alguns candidatos (especialmente à reeleição), se caracteriza pela obrigatoriedade do voto do cidadão no referido político, por uso de força, chantagem, abuso de autoridade, ou ainda, por compra do referido direito, pagando por isso algumas telhas, tijolos, cestas básicas, dentadura, ou mesmo combustível para o automóvel que aceitar se transformar num outdoor ambulante, contrariando as leis de trânsito, que nesta época desaparecem (vide carreatas).

Entretanto, uma prática pouco acompanhada, e pouco notificada, é o encabrestamento político. O processo é semelhante ao primeiro, porém, o fator motor é quase que exclusivamente financeiro. A população não se lembra, ou finge que não sabe, ou ainda, realmente desconhece o modo como as campanhas eleitorais são financiadas. É preciso ressaltar que, dificilmente, algum candidato irá arcar com todas as despesas de sua própria campanha. Na maioria das vezes o que acontece é o financiamento por pessoas, empresas e instituições de fora da ação política – se é que isso é possível – ou o fundo partidário – o que é mais comum.

Aqueles que passam a financiar determinada campanha, não o fazem por mero altruísmo, ou por amizade. Como se sabe, as relações humanas são, em sua maioria, perpassadas pelo interesse. Inevitavelmente, o financiador de uma campanha política espera, com sua ajuda financeira, que o candidato receptor “pague” pelo benefício recebido, e é aí que mora o perigo. Uma vez financiado é evidente que o político ficará “preso” às vontades do financiador; em outras palavras, quem realmente irá determinar as ações do eleito é aquele que se tornou o principal responsável pela conquista (R$).

O que nós, eleitores, civis (visto que cidadão(ã) passou a ser somente aquele(a) que habita determinada cidade), precisamos nos atentar, para com essa atitude de encabrestamento. É preciso observar bem de perto o candidato escolhido. Buscar saber quem são seus financiadores; descobrir de que maneira ele está inserido na campanha; observar como o financiamento chegou ao candidato, e se o financiador estará presente no dia a dia do eleito, de uma forma, ou de outra. E ainda, no atual século onde a tecnologia nos é benéfica, o uso da internet facilitou o processo de acompanhamento. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disponibiliza na sua página (http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2012) as prestações de conta de cada candidato aos cargos públicos de todo o país. No sítio, cada um de nós pode acompanhar, detalhadamente, todas as contas dos futuros representantes populares (vereadores), bem como dos administradores (prefeitos).

Em tempos de Ação Penal 470 (leia-se “mensalão”), é fundamental a participação de todos na fiscalização de seus candidatos, para que o encabrestamento não aconteça de nenhuma das formas supracitadas. É preciso que a massa (no conceito sociológic grupo desprovido de crítica, análise, observação; grupo que é facilmente manipulado, recebendo opiniões já formadas) se transforme em população, consciente, ativa, participante... para que o voto seja a arma da sociedade.

(*) Mestre em Filosofia e professor universitário

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