ARTICULISTAS

Educação hoje e sempre

Nas escolas, não há como preocupar-se apenas com a aprendizagem pura dos conteúdos convencionais, como se a educação da criança

Terezinha Hueb de Menezes
Publicado em 24/04/2010 às 20:27Atualizado em 20/12/2022 às 06:53
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Nas escolas, não há como preocupar-se apenas com a aprendizagem pura dos conteúdos convencionais, como se a educação da criança e do jovem se resumisse ao domínio de conhecimentos nas várias áreas, como matemática, português, história, física entre outras.

De nada adianta informar sem formar.

Não se concebe, por exemplo, que determinado aluno domine todas as áreas de conhecimento, mas não saiba relacionar-se em casa e na escola. Demonstra ser inteligente e de fácil aprendizagem, mas de relacionamento difícil, desagregando ambientes em que se insira, no trato com os colegas na escola, com os amigos, nos ambientes sociais e até mesmo com os irmãos e os pais.

Ouvi, certa vez, dois amigos comentando sobre um terceiro amig “Fulano vai ser aprovado na Faculdade Federal de Medicina, mas será um péssimo profissional, pois seu relacionamento com as pessoas é zero.” Lembro-me que, à época, fiquei pensando que os jovens tinham razã imaginemos um médico que não consegue relacionar-se com o paciente, conversar com ele, ouvir suas queixas, orientá-lo com palavras que lhe arranquem os medos, as apreensões. De que adiantam os conhecimentos na área médica de seu domínio, se o paciente, do outro lado da mesa, nada ouve do que esperava ouvir, apenas vê um semblante desanimado, a boca calada, os exames e remédios sendo colocados friamente no receituário, ele, doente, sentindo-se coisa e não gente?

Se “educar é preparar o aluno para a vida”, como pregava o mestre Murilo, educar é preparar para a convivência fraterna com o outro, para o respeito em relação ao que o outro pensa, para o saber ouvir e não apenas falar, para a tolerância diante das deficiências e dificuldades daqueles que estão por perto; educar é provocar no aluno, além do conhecimento dos conteúdos exigidos, uma visão correta diante dos fatos da vida, para que saiba agir com discerniment o certo, certo; o errado, errado; educar é despertar na criança e nos jovens os valores morais que deverão norteá-los por toda a vida, fazendo-os perceber com clareza os caminhos a seguir, as decisões a assumir, as atitudes a tomar, sem receio de críticas e sem medos, na certeza da ação correta em relação aos próprios princípios e ao respeito ao outro.

Não existe educação pela metade: ou é integral ou não é educação. Se valoriza apenas o conhecimento de conteúdos curriculares, com certeza, constituir-se-á em mecanismo de simples treinamento, até mesmo de “adestramento”, mas não será educação, na inteireza de seu significado e abrangência.

(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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