Tenho insistido na necessidade de que os pais acompanhem com mais cuidado a vida dos filhos, crianças ou jovens
Tenho insistido na necessidade de que os pais acompanhem com mais cuidado a vida dos filhos, crianças ou jovens.
São muitos os perigos que rondam os incautos. Se antigamente o risco estava nas ruas, por meio de maus elementos e de gangues de baderneiros, oferecendo droga, disfarçada em balas e chicletes, hoje, além desses, há o perigo que eclode da internet, avassalando as mentes ainda imaturas, aliciando-as com promessas de vidas e mundos encantados, ou de ofertas de bens materiais, muitas vezes de difícil acesso por parte de crianças e adolescentes.
O mundo encantado do consumismo atrai qual sereia sedutora: seu canto mostra o dourado de uma vida diferente, inacessível por muitos que o escutam.
Os meios de comunicação alertam para o perigo da pedofilia: são pessoas adultas, até com formação superior, que se prestam a garimpar, na internet, jovens que não temem o contato e o diálogo aleatório, aparentemente inocente. Normalmente os pais estão no trabalho, crentes de que a permanência dos filhos em casa representa segurança: ficam livres de contatos com pessoas de má índole, indesejáveis. E o acesso a esse tipo de mídia prolonga-se pela noite adentro, os pais, agora, dormindo descansados, porta da casa fechada a qualquer desatino.
Só que as janelas do computador se abrem indiscriminadamente, podendo apresentar as belas mensagens que por vezes recebemos, podendo entrar em sintonia com grandes poetas ou músicos, podendo visitar lugares maravilhosos que a vista não consegue alcançar, mas ao gosto do usuário “encontrar-se” também com pessoas perniciosas, treinadas no mal, sinuosas como o voluteio de serpente venenosa que, com voz lânguida – penso eu – vai envolvendo aqueles que se julgam espertos mesmo com a pouca idade e se deixam enroscar na lábia de quem está treinado no ofício.
E sem que os pais saibam, encontros em lugares, inicialmente públicos, como shopping, são marcados para depois serem conduzidos para lugares em que as vítimas, finalmente, acabam por cair em ciladas de pornografia pesada e de abusos hediondos.
Por isso, pais, desconfiem quando vocês chegam a casa e percebem o filho teclar o computador para fazer sumir a tela com a qual estava conectado; desconfiem quando notarem tempo demasiado na internet, em suas várias modalidades, principalmente msn e orkut; desconfiem quando perceberem mudança no comportamento dos filhos. E, se vocês nada dominam em matéria de computador, está passando da hora de sair do comodismo e aprender a lidar com esse instrumento que, ao mesmo tempo em que pode conduzir às alturas altruísticas de realizações, lindos sonhos e conhecimentos enriquecedores, pode projetar às profundezas do mundo cavernoso da pedofilia, no processo de “coisificação” de seres humanos indefesos, numa exploração não apenas libidinosa, mas também financeira. É preciso acordar enquanto é tempo...
(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro mailtthuebmenezes@hotmail.com