E eu também
No dia 26/06/2010, publiquei aqui a crônica “O menino e o Maestro”, em homenagem ao maestro João Carlos Martins, que, em 12/06/2010, apresentou no Cine Municipal Vera Cruz magistral espetáculo com a Orquestra Bachianna de São Paulo. O encontro do maestro com o então menino uberabense Júlio César Cipriano Basílio, sem nunca terem se visto antes, ficou gravado para sempre. Hoje falo de outro Gandra.
No último 16/03/2021, ouvi pela Rádio JM um espetáculo diferente, apresentado pelo insigne jurista e filósofo do Direito Ives Gandra Martins, irmão do maestro João Carlos Martins. Como se percebe, a família é composta de membros inteligentes por excelência.
Do que falava o brilhante advogado Ives Gandra Martins? Ele discorreu de forma eloquente sobre o seu papel durante 19 meses, quando foi um dos debatedores e redatores da nossa Constituição de 1988, hoje vigente. Com absoluta propriedade e respaldado nos seus 62 anos de advocacia, além de ser um dos maiores constitucionalistas brasileiros, sentenciou o mestre: “Nossa Constituição está sendo frontalmente ultrajada”. E justificou, em sua fala, que a harmonia entre os três Poderes da República fora um dos tópicos mais decantados e debatidos por grandes juristas da época. E hoje vemos a intromissão e o desencontro deliberados entre os próprios três Poderes. Há uma disputa acirrada para ver quem pode mais!
Eu, na minha modesta posição e à busca de aprender sobre a Carta Magna que me rege, a cada dia, depois de já ter ouvido e visto Ives Gandra por algumas vezes, além de outros eminentes juristas, tenho me perguntad Para que serve a nossa Constituição Federal, senão para ser recitada e mencionada com seus 250 artigos e 80 emendas, lacrados dentro de um livro? Direitos individuais e coletivos ameaçados; ir e vir, idem; expressão do pensamento “suspensa”; toque de recolher desconexo, etc. A qualquer hora, serei convocado a me explicar sobre o conteúdo das minhas publicações. Não está descartada a convocação de quem as ler. O tempo dirá...
Percebi, na fala de Ives Gandra Martins, certa ponta de decepção, quando disse que respeita os ministros do STF, mas não esperava que exatamente eles ignorassem a nossa Constituição. E eu também.