Olga Benário foi jovem militante comunista alemã, de origem judaica, entregue pela ditadura getulista para ser morta pelo regime nazista em campo de concentração. Veio para o Brasil na década de 30, por determinação da Internacional Comunista. Destacada como guarda-costa de Luís Carlos Prestes, tornou-se sua companheira. Sua história marca a força de uma mulher convicta de suas ideias, firme e inquebrantável. Prestes era ferrenho adversário de Vargas. Em 1945 estende-lhe a mão e o apoia na conhecida campanha do Queremismo que visava a continuidade de Vargas no poder. Muito se questiona este gesto. Olga padeceu os horrores do nazismo e Prestes se alia justamente a quem a entregou a Hitlher. Valeu a pena? Tamanho pragmatismo justifica-se? Até onde, como e com quem se alia em nome de uma causa? Com o golpe de 64, Prestes já no exílio, o país vive “os anos de chumbo”. Jovens idealistas se insurgem. Empunham a bandeira contra a ditadura. São presos, torturados e muitos deles mortos. Dentre tantos, muitas mulheres. Uma delas, Dilma Rousseff, sobreviveu ao calvário torpe da crueldade abominável que um ser humano submete o outro. Ei-la, agora, ministra, candidata à presidência da República. Seu pragmatismo a aproxima de Prestes. Dilma gesticula e fala alto que não se pode demonizar o Sarney. Ele é vital para a governabilidade do Lula. Hoje é sua ferrenha defensora. Sarney, à época da ditadura, era pelo endurecimento do regime militar. Pulou do barco no seu estertor. Teve méritos na transição, porém não os redime de sua trajetória no regime de exceção. Está longe do exemplo de Teotônio Vilela. Talvez Dilma, obcecada pelo poder, insuflada por Lula, tenha errado na dose com tamanha abnegação a Sarney, pois ultrapassa o aceitável em uma política de convivência e conveniência entre aliados estratégicos. Pode-lhe custar caro. A não ser que esteja padecendo da síndrome de Estocolmo. Luiz Cláudio dos Reis Campos presidente do PSDB Uberaba [email protected]