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Devaneios

No céu azul, entrecortando a claridade, bando de andorinhas céleres e decididas

Terezinha Hueb de Menezes
Publicado em 06/02/2010 às 00:54Atualizado em 20/12/2022 às 08:14
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No céu azul, entrecortando a claridade, bando de andorinhas céleres e decididas. Para onde iriam? Haveria um lugar definido, um outro espaço mais acolhedor, a procura por novas paragens mais solidárias e hospitaleiras?   Meu pensamento se perde no movimento das aves. O desconhecido e a coragem posta à prova. O importante: seguir adiante, em nenhum momento uma delas retrocedendo ou mostrando dúvida ou temor. Na rua, um transeunte indeciso. Só. Titubeando quanto à direção a ser tomada. Ninguém que lhe servisse de guia. Diferente das andorinhas, cada uma unida ao bando todo, no encorajamento sobre o que fazer, que rumo tomar, que decisão abraçar. Cada um de nós carrega esse estigma da condição humana. Quantas vezes nos sentimos perdidos em nossos devaneios, aspirações e esperanças! Quantas vezes nos sentimos impotentes diante dos ideais sonhados, das dificuldades encontradas, procurando uma palavra de acolhimento, um gesto de solidariedade!   Inversamente, quantas vezes nos negamos a acolher quem nos procura, a acenar a amizade que fortalece, numa caminhada solitária. No céu azul, entrecortando a claridade, o bando de andorinhas continua sua trajetória. Aos poucos, apenas pequenos pontos negros ferem o azul do céu, distanciando-se cada vez mais. Outros espaços serão conquistados, outros azuis entrecortados, novos caminhos, novas buscas, até que se faça necessário empreender outras caminhadas, rumo a não sei o quê. Mas esse não sei o quê permite, pelo menos, que não se entregue o ânimo nas mãos da descrença, nem se mate a esperança com posturas daninhas, como ervas envenenadas que contaminam os passos, numa caminhada cambeta e triste.   É preciso prosseguir: um dia de cada vez, o hoje dando conta de seu dia, o amanhã sem desespero com sua espera. Um dia de cada vez, mas como as andorinhas, buscar vozes que orientem, mãos que apontem caminho, olhar que ensine a vislumbrar o alto. No céu azul, o bando de andorinhas continua sua trajetória. Mirando-as, ah! vontade de, num passe de mágica, tomar a direção do espaço azul, entrecortando a claridade, em busca de meu amor.

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