ARTICULISTAS

Deixem os paralelepípedos

Gostamos de passear, caminhar pelas calçadas

Gilberto Caixeta
Publicado em 26/08/2014 às 19:13Atualizado em 19/12/2022 às 06:16
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Gostamos de passear, caminhar pelas calçadas, pedalar e dirigir pelas ruas e avenidas. Somos rueiros, embora ficar em casa seja bom, mas as ruas são convidativas. Inobstante o perigo em dias assim que vivemos. Elas já foram mansas e acolhedoras quando se podia jogar bola, queimada, bater papo à porta de casa. Havia cotidiano pululando nas  ruas e calçadas, que, com o tempo, se cedeu a um outro comportamento. As coisas mudam, é natural. Haveremos de estar atentos é a perda de qualidade de vida. Calçadas e ruas, no entanto, continuam a nos convocar a sair de casa, deixar a televisão e ir prosear, passear. Barzinhos, com as suas mesas e cadeiras nas calçadas, a atrapalharem, continuam a fascinar. Assim como passear pelas ruas e avenidas em fins de semana, quando o trânsito não nos exige demais. Ruas e calçadas são as veias de comunicação e de convívio social, que confirmam o seu fim coletivo. Esses bens traduzem o grau de civilidade, a empatia pelo refinamento urbano e os modos de convívio de uma sociedade. Obstaculizar por demais essas vias, ou desconsiderar o seu valor intrínseco a harmonia social é um equívoco que se paga com conflito. Queremos calçadas que permitem a acessibilidade que não causem prejuízos àqueles que têm dificuldades de locomoção ou aqueles que iniciam o seu aprendizado do caminhar. Desejamos ruas e avenidas bem sinalizadas, asfaltadas, com infraestrutura; água, luz, esgoto e, quando possível, com ciclovia contínua. Ruas e calçadas bem iluminadas expressam segurança e asseio. Conquanto, tragam intrinsecamente à história daquela sociedade, é preciso, no entanto, melhorá-las devido às exigências contemporâneas. Rebaixar calçadas desobstruí-las para o livre acesso, equivalem às ruas asfaltadas com vazão para água e esgoto. Mas me parece que em Uberaba a tônica do asfalto tem sobreposto ao bom senso. Tenho acompanhado as deliberações do Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Conphau) “órgão público municipal”, no que tange a liberação de ruas de paralelepípedos para serem asfaltadas. Tenho dúvidas quanto aos critérios e a metodologia que balizam essas decisões. Se for realmente necessário asfaltar, qual o benefício que essa decisão trará. Quem eles ouviram para deliberarem. A quem atende essas liberações e porque deveriam asfaltar essas ruas. São dúvidas que povoam a minha mente. Oponho a essas deliberações não só por questões históricas, mas, também, ambientais. Ao proporem a impermeabilidade urbana com asfaltos desacompanhados inclusive de evasão pluvial, nos deixam uma herança equivocada. Se houve uma reivindicação dos moradores daquela localidade, eles não podem definir sozinhos. A decisão da minoria é imperativa. Creio que essas decisões atendem ao propósito capitalista em detrimento ao coletivo.  

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