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Deficiência de vitamina D: uma epidemia em um Brasil tropical

É consenso entre diversos pesquisadores do mundo todo que a população vive uma verdadeira epidemia de deficiência ou insuficiência de vitamina D. Essa afirmação se torna ainda mais alarmante quando se

Dr. José Fábio Lana
Publicado em 11/10/2011 às 10:47Atualizado em 19/12/2022 às 21:50
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Ortopedista, Especialista em Medicina Esportiva e Regeneração Tecidual • Diretor do Instituto de Pesquisas em Medicina Esportiva, Ortopedia e Regeneração (IMOR) www.institutomor.com.br

Deficiência de vitamina D: uma epidemia em um Brasil tropical

É consenso entre diversos pesquisadores do mundo todo que a população vive uma verdadeira epidemia de deficiência ou insuficiência de vitamina D. Essa afirmação se torna ainda mais alarmante quando se trata do Brasil, um país tropical onde a incidência solar nos permitiria manter um nível satisfatório de vitamina D durante o ano todo, principalmente nas regiões mais quentes.

Estudos mostram que entre 50% e 78% da população mundial apresenta menos de 30 ng/mL da forma ativa da vitamina D no sangue, a 25-hidroxi vitamina D, o que aumenta a ocorrência de doenças degenerativas. Essa deficiência atinge duas vezes mais pessoas acima de 55 anos em comparação a pessoas mais jovens. Estudo recente, feito com 136 adolescentes entre 16 e 20 anos, 60% deles apresentou insuficiência de vitamina D relacionada principalmente com a falta de ingestão de alimentos ricos em vitamina D e cálcio, com média de concentração de 29 ng/mL dessa vitamina no sangue. Entre crianças, um estudo mostrou deficiência em até 46% delas. Além da idade, a cor da pele, o tipo de vestuário, o clima da região, as estações do ano, a alimentação e o hábito de exposição ao sol são fatores que influenciam o nível de vitamina D.

Segundo o presidente do Conselho de Vitamina D, Dr. John Cannell, os valores seguros e comprovadamente não-tóxicos requeridos por um adulto são de 4.600 a 10.000 UI (unidades internacionais) de suplemento de vitamina D.

A suplementação é uma forma de manter o nosso nível de vitamina D satisfatório, atuando a favor da nossa saúde. No entanto, os valores de referência que observamos nos exames de 25-hidroxi vitamina D realizados no Brasil são, de acordo com as pesquisas mais recentes, inadequados. O limite mínimo satisfatório de 30 ng/mL registrado nos exames já é considerado insuficiente por muitos pesquisadores.

Atualmente, de 50 a 75 ng/mL é considerado o intervalo de referência adequado de vitamina D, sendo aconselhado manter hábitos alimentares e de exposição solar. Entre 75 e 100 ng/mL seria considerado um nível ótimo e sem necessidade de orientações de estilo de vida. Indivíduos com resultados abaixo de 50 ng/mL estão mais sujeitos a doenças e necessitam de suplementação. Resultados abaixo de 25 ng/mL são preocupantes e requerem tratamento com altas doses de suplemento de vitamina D, também chamada de calciferol.

Cerca de 2.000 UI de vitamina D são geradas com 20 a 30 minutos de exposição à luz solar sem protetor solar ao meio-dia, em uma pessoa de pele clara. No geral, a exposição feita dessa forma, de duas a três vezes por semana, é suficiente, sendo que pessoas de pele morena a negra podem necessitar exposição solar de duas a 10 vezes maior.

Como já dito, é preciso encontrar um equilíbrio entre os benefícios e os riscos que a exposição aos raios solares UVB podem trazer à nossa saúde, pois agora já sabemos que tanto o exagero quanto a falta podem ser prejudiciais.

Referências

Holick MF. The Vitamin D Solution. Life Extension Magazine. 2010 Sep.

Pearce SHS, Cheetham TD. Diagnosis and management of vitamin D deficiency. BMJ. 2010 Jan; 340:142-7.

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