A liberdade do ser humano acaba sendo seu maior algoz. Quantas vezes, diante de determinada situação, você precisa decidir. E nem sempre é fácil.
A liberdade do ser humano acaba sendo seu maior algoz.
Quantas vezes, diante de determinada situação, você precisa decidir. E nem sempre é fácil.
Se alguém o ofende, você possui três opções: ignorar a ofensa e tentar não sofrer por isso; tirar satisfação, respondendo à altura e, aí, correr o risco de magoar e ou de ser magoado; dialogar com serenidade, sem nenhuma exaltação.
A primeira opção é bem difícil: se se trata de pessoa amiga, possivelmente, com a ofensa virá a decepção. E nem sempre possuímos serenidade suficiente para deixar o tempo correr, a calmaria voltar e, interiormente, aceitar que o ofensor não estivesse bem, para ofender e magoar.
A segunda opção, em minha ótica, é a pior das três: quando alguém tira satisfação com outra pessoa sobre sua conduta, dificilmente não saem ambos magoados, feridos, por ouvir o que não gostariam de ouvir e falar o que não gostariam de ter falado. No calor dos ânimos, a clareza e a ponderação costumam ser empanadas pela insensatez, pela imprudência, pelo exagero nas afirmações, pela perda do equilíbrio que, derrubado, leva o indivíduo a perder a noção do que fala e, muitas vezes, até mesmo, a noção das atitudes, no momento, impensadas.
Por isso há quem aconselhe a jamais conversar com alguém - de quem se tenha alguma dúvida em relação a comportamento - em momento de raiva ou de mágoa. O tempo, dizem, consegue aplacar os ânimos e, nesse tempo, uma noite de sono pode, mais ainda, acalmar o espírito. Por isso esperar é o remédio ideal.
A terceira opção exige muito equilíbrio da pessoa ofendida. Não apenas equilíbrio, mas sensatez, calma e, principalmente, estado de espírito alerta para não se deixar envolver pelas palavras e ou atitudes que possam advir do outro lado. Talvez a ponderação de um esteja em descompasso com a postura do outro e, aí, o que se propunha ser um diálogo pode, de repente, transformar-se em situação de desentendimento, com ofensas recíprocas, numa verdadeira maratona de investidas grosseiras.
Costumo dizer que viver é exercitar, sempre, o compromisso com a serenidade. E, para isso, precisamos, muitas vezes, agir como aqueles três macaquinhos da televisã olhos, ouvidos e boca tapados, na alusão a que, muitas vezes, é preferível nos fazermos de cegos, surdos e mudos: passado o momento crucial, pode-se, então, ver como melhor solucionar o problema.
Disse sabiamente Guimarães Rosa: “Viver é perigoso.” E o é em todo sentido, mormente no campo das relações humanas.
Por isso precisamos sempre nos policiar para que não façamos com o outro o que não gostaríamos que fizessem conosco. No respeito pelo outro e na compreensão de que cada um de nós possui qualidades, mas também defeitos, está o segredo para o bem viver.
(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro