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De tudo um pouco

Dizem que a vida é uma estrada, que deve ser percorrida por nós, seres humanos. E a estrada guarda de tudo um pouco: há árvores que a margeiam

Terezinha Hueb de Menezes
thuebmenezes@hotmail.com
Publicado em 17/04/2010 às 19:12Atualizado em 20/12/2022 às 07:01
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Dizem que a vida é uma estrada, que deve ser percorrida por nós, seres humanos.

E a estrada guarda de tudo um pouc há árvores que a margeiam, de formas variadas e múltiplas sugestões. Algumas, copas espalhadas, espalhando sombra dadivosa, como os braços de uma mãe sempre pronta a acolher. Outras, altas e instigantes, fronde quase ereta, como se se bastassem, sem precisar de nada mais senão de si próprias. Outras, ainda, mirradas e raquíticas, parecendo pedir aos céus um pouco de água ou o consolo de pássaros que lhes alegrem a vida. Assim também os seres que encontramos na caminhada. Muitos, acolhedores, as mãos sempre estendidas para receber nossas frustrações e tristezas; outros, repletos de si mesmos, sem perceber o que se passa à sua volta; outros, ainda, muitas vezes mais frágeis do que nós, buscando forças já exauridas de dentro de nossas vidas.

E a estrada guarda de tudo um pouco. Guarda pedras lembradas pelo poeta maior, Drummond, no poema que escandalizou os intelectuais da época em que foi criado. Mas há pedras na caminhada de cada um de nós. Algumas maiores, impedindo nossa passagem, forçando-nos a interromper a trajetória, no desalento da incapacidade de superar a sua grandiosidade; outras, menores, de espaço em espaço, forçando-nos a carregá-las, para haver a continuidade de nossos passos, ou a contorná-las, quando a fragilidade das mãos demonstra a incapacidade de sustê-las.

E a estrada guarda de tudo um pouco. Guarda flores de cores variadas e perfumes inebriantes, e guarda pássaros mil, cujos trinados alimentam a alma e alegram o caminho; mas guarda, também, espinhos que podem ferir os pés, forçando a paradas que retardam os passos, teimosos em querer seguir, mesmo com a dor dos ferimentos.

E a estrada guarda de tudo um pouco. Guarda – com a graça de Deus – as mãos que nos sustentam quando as pernas fraquejam, guarda os ombros familiares e amigos, onde podemos repousar a cabeça e desfiar nossas mágoas, guarda o calor de nossos filhos, aquecendo-nos o coração, guarda, em cada cantinho percorrido, os gestos de amor que acariciaram e acariciam a alma, permanecendo sempre, a despeito da distância do tempo ou do espaço.

(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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