De que lado você está?

Durante toda a minha infância e até uma certa época de minha vida, que não sei bem precisar qual, ouvia diariamente em uma das emissoras de rádio de nossa cidade, uma frase atribuída a John Kennedy e que  alguns leitores hão de se recordar : “"Sempre se ouvirão vozes em discordância, expressando oposição sem alternativas, descobrindo o errado e nunca o certo; vendo  escuridão em toda parte e procurando exercer influência sem assumir  responsabilidades."

Nos anos noventa, li um texto da psicopedagoga  argentina Alicia Férnandez, intitulado “A Queixa da Professora”. Nele, ela compara o lamento constante com um vômito que lubrifica a máquina inibitória do pensamento e aponta como solução para as professoras, desativar a queixa e o aborrecimento para  ativar a capacidade de perguntar e criar.

Em 2005, preparando uma Aula Magna para os calouros da FCETM, utilizei um texto que conta como um velho professor de Medicina conseguiu calar uma indisciplinada turma com a afirmativa de que sua experiência e observação lhe mostravam que, de todos os alunos, depois de algum tempo, somente três por cento faziam a diferença. O resto é o resto...

Três textos. Três diferentes épocas. Um só processo de maturidade, onde encontro um fio condutor que muito tem influenciado a minha conduta pessoal.

Desconfio de quem fala demais, denuncia demais, mas nunca anuncia nada de novo e nunca assume novas responsabilidades.

Receio também dos que lamentam demais, são vítimas demais, mas nada fazem para mudar as situações das quais se queixam.

Confio nos três por cento que fazem a diferença com seu otimismo, sua garra, sua coragem, sua criatividade, sua responsabilidade e sua resiliência diante das adversidades. Estes nunca fazem coro aos lamentos coletivos e acomodados dos outros noventa e sete por cento que abrigam os lamuriosos.

E você, caro leitor, de que lado tem estado ao longo de sua vida?

(*) mestre em Psicologia e palestrante

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