Estimado leitor, sabemos todos que a adolescência é um momento muito delicado. Vivenciado por uns mais intensamente que por outros, esse período é de extrema turbulência
Estimado leitor, sabemos todos que a adolescência é um momento muito delicado. Vivenciado por uns mais intensamente que por outros, esse período é de extrema turbulência física e emocional.
Do ponto de vista físico, não é difícil perceber o quanto adolescer é complicado. Vivemos numa sociedade em que a beleza é mais importante que qualquer outro atributo. Logo, a busca pelo corpo perfeito é incessante, fazendo dos adolescentes escravos de um padrão estético muito vezes inatingível. E, ao descobrir-se como alguém que dificilmente vai ter o padrão que se exige, o jovem vive uma forte frustração.
Do ponto de vista psíquico, as mudanças também são facilmente reconhecíveis. Seu humor abala-se mais facilmente, seus sentimentos tornam-se mais complexos, suas dúvidas e inseguranças, mais comuns. Por tudo isso, os conflitos na adolescência são mais acirrados.
Essas alterações provocam um desconforto entre o ser criança e o processo de evolução para a idade adulta, já que têm ciência de que ainda não estão prontos para assumirem outros níveis de responsabilidade.
Mudanças físicas e psicológicas unem-se para provocar o mais forte conflito no mundo mental dos jovens: o despertar de sua sexualidade. Um momento de reformulação quanto aos conceitos do seu próprio eu, resultando no abandono da auto-imagem infantil e no começo do planejamento de sua vida adulta.
Diante disso, pode-se compreender por que é tão complicado para os jovens fazerem suas escolhas quanto à carreira profissional, às amizades, dentre outras que lhes provocam grandes angústias.
Nos momentos de carência afetiva de nossos jovens, aqueles que lidam com o universo da juventude – pais, educadores, psicólogos, etc. – precisam ter, minimamente, consciência do que está acontecendo para ofertar-lhes a melhor ajuda. Infelizmente, os dramas da adolescência, em grande número, não são entendidos da maneira que eles exigem e que os adolescentes precisam e, sobretudo, merecem.
Mas nem tudo é sofrimento. Adolescência é também sinônimo de desafios e, na tentativa de superá-los, os jovens testam seus limites, tomando, por vezes, conhecimento de potenciais que nem eles mesmos sabiam possuir. De modo geral, podemos apontar três grandes desafios da adolescência: é o momento de formar de si mesmo uma imagem positiva, o de alcançar a independência dos pais e o de amar pessoas fora do convívio familiar.
O primeiro desafio dos jovens tem a ver com formação da sua auto-estima, imprescindível por toda sua vida. O adolescente que não gosta de si mesmo adoece mais facilmente, apresenta baixo rendimento escolar e, nas relações com as pessoas, posiciona-se sempre em situação de inferioridade. No segundo desafio, o que está em jogo é a construção da sua autonomia, é quando o adolescente diz para si mesmo que é capaz de se manter sozinho. E, no terceiro, ele testa a sua capacidade de despertar no outro o interesse pela sua pessoa.
Zelar por uma adolescência saudável é produzir adultos responsáveis e essa tarefa é dever do Estado, da família e da escola.
(*) doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, da Facthus e da UFTM