ARTICULISTAS

Cultura e falta de educação

Há muitas coisas que descobrimos com o tempo. Há coisas, aparentemente insignificantes que, com o passar dos anos, passam a ter dimensões diferentes. Também acontece o contrário

Padre Prata
Publicado em 01/08/2009 às 20:12Atualizado em 20/12/2022 às 11:26
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Há muitas coisas que descobrimos com o tempo. Há coisas, aparentemente insignificantes que, com o passar dos anos, passam a ter dimensões diferentes. Também acontece o contrário. Há coisas que, com o tempo, vão perdendo seu valor, vão perdendo sua dimensão original.

Passei alguns dias em contato com uma neta de minha irmã, que conhecera apenas quando criança. Apesar de ter hoje apenas 25 anos, apesar de ter se doutorado em Paris, apesar de sua simplicidade, é uma pessoa cujo contato muda alguma coisa dentro de nós. Percebe-se, quase sem notar, que alguma coisa, que alguns valores, se modificam dentro de nós. Cria-se um novo estilo de relacionamento. Passa-se a descobrir que viver bem é saber relacionar-se.

Descobrimos que a maioria das coisas que “ornam” nossas vidas não nos trazem equilíbrio e felicidade. Nosso valor não se mede pela nossa condição social, pela nossa profissão, pelos nossos conhecimentos, pela tradição de nossa família. Nosso valor se mede pela nossa cultura. Por favor, não tome a palavra “cultura” como sinônimo de conhecimentos, de saber coisas, de títulos. Cultura não é isso. É muito mais do que isso. Pessoa culta é uma pessoa “bem cultivada”. Há várias dimensões que devem ser cultivadas. A religiosa, a afetiva, a familiar, a moral, a ética, a política, a social. É um conjunto que se consegue com muita luta.Todos nós conhecemos pessoas instruídas que não têm educação. São agressivas. São vingativas. Não têm compaixão. Não têm o que os franceses chamam de “esprit de finesse” (delicadeza de espírito). São grosseiras. Todos nós conhecemos padres grosseiros, médicos grosseiros, advogados grosseiros, professores grosseiros, educadores (!) grosseiros. Ninguém gosta de receber respostas atravessadas. Ninguém gosta de ser chamado à atenção publicamente. Ninguém gosta de ameaças de retaliação.

Todos nós conhecemos pessoas simples, sem instrução, mas que têm seu espírito bem trabalhado. São, neste sentido, pessoas cultas. Pessoas de equilíbrio interior. Pessoas bem “cultivadas”.  Relacionar-se com essas pessoas é sempre bom, elas nos fazem crescer. Por isso é que a sabedoria dos antigos dizia: “procure os bons e serás um deles”.

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