A Igreja não é morada de anjos, mas de homens e de homens imperfeitos, sujeitos a erros
A Igreja não é morada de anjos, mas de homens e de homens imperfeitos, sujeitos a erros e a comportamentos impróprios. Papa, cardeais, bispos e padres nem sempre foram exemplos de virtudes. Há épocas melhores. Há outras que entristecem os cristãos que esperam bons pastores.
Como me esquecer de Monsenhor Eduardo, de Monsenhor Messias, de Monsenhor João Rodrigues, do Padre Nilo, do Padre Eddie, do Padre Negromonte? Como me esquecer de Dom Carmelo, de Dom José Pires, de Dom Mousinho, de Dom Fernando, de Dom Evaristo? Como me esquecer de Dom Helder Câmara? Como me esquecer daquele santo velhinho, o Papa João XXIII? Por que são tão raros? Estamos passando por tempos difíceis. Choramos e pedimos perdão. Esperamos por uma mudança que não chega nunca. Não por remendos, mas por uma vigorosa mudança de paradigma.
Mas, por que estou escrevendo isto? Coincidência. Examinando velhos papéis há tempos guardados e quase esquecidos, encontrei um texto de Dom Helder. Ele deixa-nos, aos padres idosos, um sábio recado de como envelhecer.
“Agora que a velhice começa, preciso aprender com o vinho e melhorar envelhecendo e, sobretudo, a escapar do perigo terrível de, envelhecendo, virar vinagre.
É tão importante saber envelhecer! Saber descobrir o encanto de cada idade. Sem dúvida, há limitações que a velhice traz. Mas feliz de quem envelhece como frutas que amadurecem sem travo. Feliz de quem envelhece por fora, conservando-se em compreensão para com tudo e para com todos, caminhando, sempre mais, no amor de Deus e no amor ao próximo. Quem conserva acesa a sua chama, quem mantém entusiasmo pelo que faz, quem sente razões para viver, pode ter o rosto cheio de rugas e a cabeça toda branca, ainda assim é jovem!
Quem não entende a vida e não descobre a razão para viver e não vibra, não se empolga, pode ter vinte anos, mas já envelheceu.
Qualquer que seja a sua idade, guarde estes pensamentos: o importante não é viver muito ou pouco, mas realizar na vida o plano para o qual Deus nos criou. As rosas, a rigor, vivem um dia, mas vivem plenamente porque realizam o destino da graça e de beleza que veem trazer à terra.
Se sentir que os anos passam e a mocidade se vai, peça a Deus, para si e para os que se tornam menos jovens, a graça de envelhecendo, não azedar, não virar vinagre. Cada fase em nossa vida é única e como tal deve ser vivida. O dom da vida que nos é dado, deve sempre ser valorizado no tempo atual, pois não sabemos até quando vai nossa missão nesse pequeno espaço que ocupamos.
Saber envelhecer e saber amadurecer pode ser uma arte, mas com certeza, arte maior é saber desfrutar com todo o sabor o doce de se tornar um pouco mais maduro a cada dia.”