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Cuba livre

Os golpistas de abril de 1964 instituíram mentiras formais. Os da resistência ao golpe também. Parte dessas mentiras veiculou pelas escolas

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 30/03/2010 às 20:12Atualizado em 17/12/2022 às 06:06
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Os golpistas de abril de 1964 instituíram mentiras formais. Os da resistência ao golpe também. Parte dessas mentiras veiculou pelas escolas através dos conteúdos ministrados em sala de aula. Outra parte pelos livros, inicialmente censurados, e depois com o arrefecimento do sistema de forma menos acadêmica. Entre as mentiras mais usuais está a criação do mito Che Guevara e do Castrismo, paralelamente ao milagre econômico e à publicidade do país: “Ame-o ou deixe-o”; só para ficarmos nesses exemplos. Senão a lista se tornará interminável, começando com o Maoismo, passando pelo Stalinismo e se encerrando no Brizolismo.

Todos, sem exceção, não sonhavam com uma sociedade melhor, e sim com um governo que lhes fosse melhor. Brizola, por exemplo, arrebanhou os recursos que ele quis em nome da resistência, enquanto a esquerda católica, que sonhou com uma pátria liberta, foi buscar nos treinamentos externos e nos cubos de dinheiros a realização desse ideal. Inclusive, algumas lideranças confessionais deveriam entender que o poder se faz público quando as convicções particulares se esgotam pela decepção. Frei Beto, por exemplo, acostumado ao pensar, sabe que se pode esganar. Assim é também o pensamento político que nos engana. Portanto, ao nos dizer que os amigos se criticam, inimigos se denunciam, insiste, assim, em defender uma Cuba indefensável em seus massacres aos direitos humanos. Se Cuba, um dia, foi sinônimo de liberdade e de resistência ao imperialismo devastador, sem redundância, americano, hoje é o retrato da decadência social e da criminalização pelo Estado, que não quer ser de direito, mas da vontade dos Castro.

O Brasil, como sempre se rendeu ao mau gosto cultural, principalmente no pós 64, e nos dias atuais, com o “rebolation”, que tem nos mostrado como a ausência de letra é capaz de levar ao delírio os seus simpatizantes. Diferentemente, não são os golpistas que, sem conteúdo, levaram ao delírio aqueles que não viveram sob o seu domínio enquanto os seus cidadãos, inexistentes como de direito, eram sepultados em valas comuns, após ser executados sob o comando do Estado.

Discutir Cuba, assim como Irã, Venezuela e outros, é não se distanciar da atenção que devemos ter sobre aqueles que governam com pensamento de ditador. Lula – esse mesmo – quando os apoia, e ou os defende em nome de uma diplomacia do diálogo, serve-lhes nas suas opressões.

Se aquela musiqueta faz sucesso, é porque pão e circo sempre estão ao gosto da sociedade, principalmente daqueles segmentos que preferem a sonoridade ao pensamento, enquanto Cuba livre desmascara uma mentira que nutriu corações, enriquecendo outros. É a musiqueta às avessas, cujo ritmo não agrada, mas exige palavras tocadas pelo pensar. Enquanto isso, Cuba livre só nos remete à bebida muito consumida na década de 70.

(*) professor

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