Chegou novamente uma das datas mais esperadas por nossas crianças: 12 de outubro
Chegou novamente uma das datas mais esperadas por nossas crianças: 12 de outubro. E, com ela, somos convidados a uma série de reflexões.
Todos nós já fomos crianças. E vivenciamos um tempo que já se foi. Outrora, essencialmente, brincadeiras de roda, amarelinha, pique-esconde, pipa, boneca, bola, bicicleta e brinquedos feitos com madeira, pregos e martelo. Hoje, novas formas de relacionamento, passeios em shoppings, uso de celular e suas variações e também de toda a parafernália eletrônica, incluindo os mais diversos tipos de videogames, que tanto atraem as crianças.
As transformações por que o mundo passou colocaram à disposição do homem tecnologias avançadas, oferecendo maiores e melhores possibilidades para o aprendizado e oferecendo um verdadeiro universo de informações.
Se, por um lado, todo esse progresso pode parecer instigante para as crianças, há situações nada interessantes. Há poucas décadas, estudantes iam para a escola caminhando tranquilamente pelas ruas, sem preocupação, mesmo tendo que vencer distância considerável. Aquela tranquilidade já não existe. Agora, caminhar pelas ruas exige cuidados especiais. Ir de carro para a escola ou para a casa de um amigo se torna, às vezes, uma necessidade.
Essa realidade rememora histórias contadas por camponesas para alertar as mocinhas dos perigos que poderiam encontrar pelo caminho, minimizados e adaptados por Perrault, Grimm e Andersen. Esses escritores difundiram, na ficção, a figura do Lobo Mau, personagem que se multiplicou na vida real: está incorporado na pele de homens maus, que transitam livremente pelos lugares que a criança frequenta e pelos caminhos por onde ela passa, inclusive e com mais frequência, a porta das escolas.
Embora hoje existam as facilidades da informática, essa preciosa ferramenta de instrução, orientação, pesquisa e entretenimento requer dos pais atenção redobrada, pois é outro caminho por onde transitam esses lobos maus contemporâneos.
Por outro lado, o avanço científico, ao promover a disseminação do conhecimento, tem feito cair por terra uma série de preconceitos. A escola, por exemplo, tem assumido seu papel inclusivo em relação às crianças com necessidades educacionais especiais, garantindo-lhes o exercício dos seus direitos e zelando pela dignidade humana.
Essa vitória da sociedade contempla um outro avanço considerável: a instituição do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, pela Lei 8.069, em 13 de julho de 1990, que regulamentou os direitos das crianças e dos adolescentes, criando mecanismos de proteção nas áreas da educação, saúde, trabalho e assistência social.
Felizmente, ao lado de tantas transformações sofridas pelo mundo, o que se percebe é que o fundamental permaneceu intact a obrigação dos pais de assumirem a educação e formação dos filhos e de proporcionarem a eles uma vida saudável, cercada de amor, carinho e respeito.
(*) membro da ACademia de Letras do Triângulo Mineiro