Creio em vós, Senhor, criador de todas as coisas, de todos os seres viventes. Creio em vós, mais ainda, nos momentos em que o peso da carcaça humana me impele a buscar leveza em vós
Creio em vós, Senhor, criador de todas as coisas, de todos os seres viventes.
Creio em vós, mais ainda, nos momentos em que o peso da carcaça humana me impele a buscar leveza em vós.
Creio ainda mais, quando o desabrochar das flores, abrindo-se para a beleza, nos evidencia que as mãos dos homens são incapazes de tecer o que teceis.
E creio, como creio, Senhor!, quando o respirar de um recém-nascido nos faz perceber que cada um de nós, filhos vossos, também partilhamos de vosso poder de criação.
Creio, Senhor, e como creio!, quando olho meus filhos, e olho os filhos de meus filhos, cada um deles trazendo a marca, não apenas nas palavras, gestos e feições, do grande amor que os gerou, mas também o sopro espiritual de exemplos que permanecem e lhes iluminam a alma.
Creio em vós, Senhor, quando penso na perfeição do cosmo, cada coisa em seu lugar, terra, mares, rios e lagos, o verde da vegetação que nos descansa a vista, o azul do céu, o brilho e o calor do sol, a lua incendiando corações apaixonados, estrelas pontilhando lembranças e sonhos.
Creio em vós, Senhor, quando tento entender a sincronia do organismo humano, órgãos, sangue, pele, mãos e pés, os passos que nos conduzem, a voz que faz ecoar nossos pensamentos, e os pensamentos que traduzem o interior de cada um; e mais quando percebo a capacidade humana de emocionar-se, de rir e entristecer-se, de sentir o amor, de chorar a saudade, de irritar-se mas depois cultivar o perdão.
Creio em vós, Senhor, porque me sinto centelha do vosso amor, irisando minha alma de luzes de serenidade por me sentir descansando em vossos braços, quando o peso das vicissitudes exige que encontremos o aconchego para repousar nossas apreensões.
Creio em vós, Senhor, porque sei, como disse alguém, que vos humanizais em todos os momentos de nossas vidas, exultando com nossas conquistas e chorando também conosco na partilha de nossas dores.
E porque creio em vós, sei que dia virá em que, vislumbrando vossa divina face, receberei em meu ser reflexos do vosso amor, trazendo até minha alma os entes queridos que guardais – para mim - para o encontro definitivo.
(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro