O avanço tecnológico no cotidiano tem criado um fosso
O avanço tecnológico no cotidiano tem criado um fosso entre a geração adulta e a jovem, até mesmo a infantil.
É impressionante a facilidade com que os mais novos manipulam todo tipo de aparelho ligado à tecnologia: celular, iPod, iPad, iPhone, tablet, computador como um todo.
Tal facilidade tem criado, entre eles e a tecnologia, uma ligação tão estreita, como se um cordão umbilical invisível os unisse.
Observem, leitores, o comportamento, principalmente dos jovens, nas ruas, nos ambientes públicos e em casa: normalmente, estão em comunhão com o aparelho que tudo oferece: mensagens, internet e toda a gama de informações ou de entretenimento – são jogos sofisticados, para os adultos, mas que os mais jovens manipulam com uma facilidade incrível.
Tudo isso tem criado situações para as quais pais e educadores não estamos preparados.
Uma delas é o distanciamento do mundo real, com pessoas e coisas ao redor. O envolvimento é tão profundo que não são vistos os que estão ao lado daquele que mergulha a atenção em um dos aparelhos citados. É como se se encapsulasse contra qualquer atenção que o desviasse do foco de interesse. Não vê mais nada, não escuta mais nada, não fala mais nada. É o isolamento digital e virtual. O mundo novo e fascinante aberto ao menor toque dos dedos.
Uma outra situação é a necessidade cada vez mais acentuada que os jovens sentem de estar principalmente com o celular e similares à mão. Tais instrumentos tornaram-se essenciais como se fossem um complemento da indumentária, dos quais é impossível afastar-se. Perguntei a duas adolescentes como se sentiriam se lhes fosse tirado o celular por uma semana. A resposta de uma delas, com a qual concordou a outra: “O adolescente de hoje não vive sem celular, nem por um dia, sem mandar mensagens, sem entrar na internet, principalmente sem ouvir música, sem ligar para os amigos e receber ligações.”
Consequência de tas situações é o isolamento alienante que podem provocar: cada vez mais o mundo virtual vai apoderando-se da atenção dos jovens de tal forma que até mesmo o relacionamento com o mundo exterior se mostra complicado. Por isso é que, muitas vezes, o que os pais falam não é ouvido pelos filhos, e, não ouvindo, fazem de conta ouvir. Mas o elo da comunicação não se estabelece, pela falta de respostas ou apenas pelas respostas monossilábicas de quem não está “ligado”.
Por outro lado, vemos reportagens comentando o avanço de pesquisas, por parte de jovens diferenciados, em programas virtuais, contribuindo até mesmo em esferas sofisticadas, como auxílio, na política, à transparência em relação aos vários setores públicos. Mas vem, também, a “banda podre”: crackers que, violando o direito à privacidade, invadem a vida das pessoas, principalmente das celebridades, postando nas redes sociais fotos e particularidades íntimas.
Assim é tudo que inova, mormente na tecnologia: há muitas conquistas extremamente favoráveis, mas há, também, o outro lado pernicioso que precisa ser combatido e corrigido com rigor e seriedade.
(*) Educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro